O deputado federal Arthur Lira (PP-AL), ex-presidente da Câmara dos Deputados, comprou uma mansão avaliada em R$ 10 milhões no bairro mais nobre de Brasília, o Lago Sul. A aquisição, feita em 31 de janeiro deste ano, foi revelada pelo jornalista Paulo Cappelli, do portal Metrópoles, e tem gerado debates sobre a evolução patrimonial do parlamentar alagoano.
A nova residência de Lira tem 833 metros quadrados de área construída, com dois andares, piscina e um projeto arquitetônico moderno. O imóvel foi adquirido de Leonardo Nogueira Valverde de Morais, empresário que havia comprado a casa por R$ 3,6 milhões em 2011 — o que representa uma valorização de aproximadamente 178% em pouco mais de uma década.
Para fechar o negócio, Arthur Lira recorreu a um financiamento de R$ 7 milhões no Banco de Brasília (BRB). Considerando esse empréstimo, presume-se que o deputado deu uma entrada de R$ 3 milhões. Simulações de mercado sugerem que o valor das parcelas mensais ultrapassa os R$ 100 mil — quantia que representa quase três vezes o seu salário líquido como parlamentar, hoje fixado em cerca de R$ 35 mil mensais. Seu vencimento bruto é de R$ 46 mil, mas sofre deduções obrigatórias.
Evolução patrimonial suspeita
A discrepância entre os ganhos oficiais e os compromissos financeiros levanta dúvidas sobre como o deputado arcará com o financiamento. Em sua última declaração de bens ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), feita em 2022, Lira informou possuir R$ 5,9 milhões em patrimônio — incluindo duas casas, um apartamento, um terreno e fazendas em Alagoas. Esse montante é quase metade do valor desembolsado na nova mansão.
Comparando com sua evolução patrimonial, os números impressionam. Em 2018, antes de assumir o comando da Câmara dos Deputados, Lira declarou à Justiça Eleitoral ter R$ 1,7 milhão em bens. Em 2022, esse número havia subido para R$ 5,9 milhões — uma valorização de 247% em apenas quatro anos. A nova compra de R$ 10 milhões, agora em 2025, eleva a curva de patrimônio para patamares ainda mais elevados, caso ele continue concentrando bens em seu nome pessoal.
A notícia da compra da mansão já repercute fortemente nos bastidores de Brasília. Aliados evitam comentar publicamente, mas internamente há desconforto. Adversários, por sua vez, cobram investigações mais profundas sobre a origem dos recursos, levantando suspeitas de possível incompatibilidade entre os rendimentos do deputado e o padrão de vida apresentado.