Apesar de o nível do Rio Acre não ter chegado ainda aos 10 metros em Rio Branco, que era um pré-requisito para a volta das famílias para casa no pós-enchente, a Defesa Civil Municipal iniciou, nesta quinta-feira (27), a operação “De volta para casa”. O coordenador da Defesa Civil Municipal, coronel Cláudio Falcão, explicou que a pesquisa em toda a bacia garantiu o retorno dos desabrigados para casa.
Na medição das 5h29 desta quinta, o Rio Acre marcou 11,62 metros. Nas últimas 24 horas, houve uma diminuição de 63 centímetros. Apesar da forte chuva que caiu na capital deste o fim da tarde de terça-feira (25), a medição das 5h30 da quarta-feira (26) foi de 12,25 metros. Vale ressaltar que a cota de alerta na capital é de 13,50 metros e a de transbordo é de 14 metros.
A capital acreana continuou enfrentando chuvas na noite de quarta e madrugada desta quinta. Segundo informações da Defesa Civil, choveu 12,80 milímetros nas últimas 24 horas, porém o nível do rio continuou diminuindo.
“O nível do rio deveria estar em torno de 10 metros agora pra gente poder retornar as famílias. Mesmo ele não alcançando esse número, nós já fizemos toda uma pesquisa ao longo da bacia, incluindo o Riozinho do Rola que hoje baixou dos 14 metros e estava sempre acima de 15 metros. Dessa maneira, nós temos a segurança necessária para operar o retorno dessas famílias para casa”, disse Falcão.
O coordenador confirma que ainda há previsão de chuva, porém em menor intensidade. “Não [terá chuvas] como aconteceu antes de ontem e ontem. Será uma chuva mais leve, e ainda para os últimos dias de março, mesmo que não seja uma chuva generalizada, mas deve acontecer chuva sim”, afirmou.
Nesta quarta, o rio mediu 12,14 metros às 9h, às 12h a medição ficou em 12,08 metros, às 15h, apresentou 12,05 metros, às 18h saiu dos 12 metros, medindo 11,94 metros e finalizou o dia na medição das 21h com 11,87 metros.
Operação se estende nos próximos dias
Falcão explicou que mesmo que o nível ainda esteja acima dos 11 metros, o planejamento da operação “De volta pra casa”, já inicia na manhã desta quinta e o retorno das famílias para casa deve se estender até o próximo domingo (30).
O coordenador comenta que há algumas famílias que não poderão retornar para as casas atingidas pela cheia. “Dentro das nossas vistorias nós identificamos algumas unidades habitacionais que não podem mais receber essas famílias, estão condenadas”, afirmou ele.
Falcão ainda comentou que há quatro fases para que a família retorne para sua casa.
“Uma delas é a limpeza dos bairros que já foi concluído os primeiros bairros no dia de ontem e também a vistoria de segurança nas casas e nos bairros, também auxiliar na limpeza dessas casas para voltarem com segurança e também auxiliá-los na saída onde eles vão levar mais um kit limpeza e uma cesta básica”, explicou o coordenador.
Limpeza
O nível do Rio Acre, em Rio Branco, saiu da cota de transbordamento na última medição desse domingo (23), às 21h. Por conta da redução, a Defesa Civil municipal iniciou a limpeza de nove bairros e famílias precisam aguardar protocolos para voltar para casa, o que inclui o manancial ficar abaixo dos 10 metros.
Nesta quarta-feira (6), a limpeza de oito dos nove bairros que serão inicialmente limpos foi finalizada. Para o trabalho, foram mobilizadas 150 pessoas e 55 equipamentos.
A Secretaria Municipal de Cuidados com a Cidade a limpeza foi feita nos bairros: Seis de Agosto, Baixada da Habitasa, Baixa da Cadeia Velha, Triângulo Novo, Taquari, Cidade Nova, Alzira Cruz e Ayrton Sena. Os abrigados também irão receber kits de limpeza para utilizar em suas residências.
Conforme o último boletim da Defesa Civil de Rio Branco, a cheia deste ano afetou:
- Mais de 8,6 mil famílias diretamente, o equivalente a 31.318 pessoas;
- Cerca de 171 famílias ficaram em abrigos, totalizando 547 pessoas;
- Outras 598 famílias ficaram desalojadas, ou seja, foram para casa de parentes ou amigos;
- 19 comunidades rurais afetadas, dentre elas três são isoladas, e 2.198 famílias rurais atingidas;
- 43 bairros da capital atingidos.
O prefeito Tião Bocalom decretou, no último dia 14, situação de emergência devido à enchente. Já o governador Gladson Cameli decretou situação de emergência diante do aumento do nível dos rios Acre, Juruá, Purus e Envira, no dia 10 de março. Na última terça (18), após uma semana, governo do estado alterou o decreto e acrescentou os rios Tarauacá, Abunã e Moa.