Fernando Contreras Siqueira, de 46 anos, atuava como escrivão no 8º Distrito Policial, localizado no bairro do Brás, em São Paulo. Ele foi demitido pela terceira vez pelo secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, sob acusações de peculato — crime que consiste na apropriação ou desvio de bens públicos por parte de um funcionário.
Contreras é acusado de se apropriar de dinheiro apreendido de traficantes detidos pela Polícia Militar e encaminhados à delegacia onde trabalhava. Ao todo, ele já respondeu a 30 processos por peculato na Justiça paulista. Em 2023, foi condenado a dois anos de prisão, além de outras seis sentenças que resultaram em prestação de serviços comunitários e três para pagamento de multas. Algumas dessas sanções foram posteriormente anuladas por indultos judiciais.
As demissões sucessivas têm como objetivo impedir que Contreras retorne ao cargo caso alguma das punições seja revertida judicialmente. Além disso, há registros de que ele não foi localizado para receber notificações de decisões judiciais e intimações, indicando paradeiro desconhecido.
Em uma das ações abertas contra ele, em abril deste ano, o oficial de Justiça relatou que Contreras não residia mais no endereço registrado, na Vila Heliópolis, e que as tentativas de contato foram infrutíferas.
A Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo destacou que, como escrivão, Contreras tinha a responsabilidade de registrar boletins de ocorrência e assegurar o depósito judicial de valores confiscados. No entanto, ele frequentemente se apropriava das quantias apreendidas.
Em um dos casos, no dia 20 de setembro de 2018, registrou um boletim de ocorrência referente à associação para o tráfico, ocasião em que houve a apreensão de R$ 137,00. O valor permaneceu sob sua responsabilidade para depósito judicial, mas não foi encaminhado conforme exigido.