O município acreano de Santa Rosa do Purus, na fronteira com o Peru, encontra-se desabastecido de combustível e alimentos. Esta situação desafiadora está ocorrendo devido à seca do Rio Purus, sendo que os itens levam até 10 dias para chegar ao município e somente as embarcações de 4 mil quilos conseguem chegar à cidade.
Santa Rosa do Purus, no Acre, possui 6.723 habitantes e as duas cidades peruanas vizinhas do município acreano, Porto Esperança e Palestina, somam 5 mil habitantes. Os municípios peruanos dependem diretamente das mercadorias brasileiras disponíveis em Santa Rosa para sobreviver.
De acordo com a jornalista Sandra Brito, moradora de Santa Rosa, durante o verão Amazônico, o município fica sem combustível. Além disso, parte dos itens que chegam ao município são levados para as duas localidades peruanas.
“Isso acontece porque no verão o barco reduz pela metade a quantidade de combustível que traz. O que aconteceu? Santa Rosa fornece combustível e alimentos, tudo para Porto Esperança e Palestina, um município e uma vila peruana, vizinho de Santa Rosa. E aí chegou combustível semana passada, só que como Esperança usou e Santa Rosa usou, acabou. Na verdade, tudo que vem para cá é dividido entre nós e o Peru”, relatou ela.
Em um vídeo publicado nas redes sociais nesta quinta-feira, 31, o prefeito reeleito do município, Tamir de Sá, mostrou o porto da cidade com embarcações grandes encalhadas no local há seis meses devido à falta de água no Rio Purus, para a navegação. Segundo ele, uma solução viável para a situação seria a abertura de uma estrada ligando Santa Rosa a BR-364, nas proximidades de Manoel Urbano. Porém, a obra ainda depende de vários estudos ambientais.
“Estamos aqui na beira do Purus pedindo socorro às autoridades maiores, a Brasília, o nosso governador, deputados, todo mundo. O rio já está há mais de cinco meses nessa situação e agora se agravou muito mais. Nós estamos sem combustível na cidade e há mais de 10 dias está faltando mercadoria na nossa cidade, as pessoas estão com dificuldade de tudo aqui. Então, o que nós pedimos? Que as pessoas, as autoridades, os deputados e o nosso governador, que dê um apoio ao nosso município nessa parte da estrada que tanto precisamos. Essas balsas estão aqui já há seis meses sem poder sair da cidade porque não tem água no rio. Eu nunca tinha visto uma seca tão grave desse nosso rio que nunca ficou nessa situação que está. Tem vídeo aqui de barco já há 10 dias no rio. Vai chegar aqui depois de vinte dias, quinze dias. Combustível já estão com 10 dias e, possivelmente, só daqui mais cinco dias”, clamou o prefeito.
Vale destacar que quando o Rio Purus está cheio, a média da viagem de barco da ponte do Rio Purus, na BR-364, ao município é de 4 dias. Agora, no verão Amazônico, a mesma viagem tem duração de 10 dias. Tamir informou que a única solução tem sido a “baldeação” de mercadorias dos barcos maiores para os menores, para que os itens mais urgentes cheguem em Santa Rosa.
“Já estamos andando em canoinha pequena para socorrer o barco para trazer combustível porque a cidade não tem mais gasolina. Então, os barcos que estão andando aqui são canoinhas de quatro mil quilos e com dificuldade para chegar até aqui, entendeu? É por isso que tanto nos interessa nessa estrada, pela dificuldade que nós estamos passando de viver numa cidade que está no caso de situação de emergência mesmo. A população está pedindo socorro porque está faltando tudo na nossa cidade e não tem outra coisa a fazer, a não ser pedir socorro às autoridades e pedir chuva para que o nosso rio encha. Por isso que nós tanto queremos essa estrada. Nós sabemos que cada vez pode ficar pior a situação, a gente pede socorro às autoridades que nos ajude nessa situação dessa estrada”, disse ele.