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Em registro raro, cobra-marrom devora companheira da mesma espécie na Austrália

Quando é chamado para fazer um resgate de cobra em uma residência na Austrália, o caçador de répteis rastejantes Harrison Kent costuma se preparar física e psicologicamente para lidar com esses animais de comportamento temperamental.

Ao longo de quatro anos na profissão, ele afirma que já se deparou com diversas situações inusitadas — mas nenhuma chegou nem perto do que flagrou esta semana na cidade de Adelaide: um caso de canibalismo entre duas cobras-marrons (Pseudonaja textilis).

Em uma postagem de Facebook do serviço de controle de pragas Snake Catchers Adelaide, Kent publicou imagens de uma serpente pequena sendo devorada por uma maior. Na legenda do post, ele indicou que ver um evento desses ao vivo é algo extremamente raro. “O exemplar grande não se importou muito em ser pego, ele só parecia interessado em sua refeição”, escreveu.

Kent, que é herpetólogo (especialista em anfíbios e répteis) conta ao site ABC News que as pessoas que o acionaram desconfiavam que as duas serpentes estavam acasalando. No entanto, ao chegar na casa e identificá-las em um vão, ele verificou que, na realidade, tratava-se de uma situação de predação.

“Eu as coloquei dentro de um saco para fazer o transporte até o meu escritório. Por lá, as coloquei em um lugar fresco e agradável para que a cobra maior pudesse terminar sua refeição. Feito isso, a soltei na natureza”, recorda o especialista.

“Como alguém que vive e respira cobras, foi muito emocionante ver de perto esse evento tão curioso acontecer”, acrescenta.

Prática incomum

Também ao ABC News, Wayne Boardman, professor da Universidade de Adelaide, explica que o canibalismo entre serpentes não é algo comum, mas acontece com maior frequência entre algumas espécies. É o caso das najas, por exemplo, as quais se tornaram especialistas em comer outras cobras.

Contudo, especificamente em relação às cobras-marrons, a sua dieta baseia-se em roedores, sapos e pássaros. Portanto, a ocorrência de canibalismo nessa espécie provavelmente foi, nada menos que, um caso de conveniência.

“À medida que o tempo esquenta, as serpentes começam a sair um pouco mais de suas tocas, atraídas por camundongos e ratos. Isso geralmente as levam para áreas de maior possibilidade de contato umas com as outras”, aponta Boardman. “Principalmente se elas estiverem adormecidas por um tempo, elas podem estar com muita fome. Nesses casos, ao surgir uma oportunidade de comer – mesmo que seja outro exemplar da sua espécie – elas vão aproveitar”.

Por: Revista Galileu