A Universidade Amazónica de Pando em Puerto Evo Morales (UAP), na vila que faz divisa com o município Plácido de Castro, interior do Acre, vem enfrentando polêmicas envolvendo a primeira turma de medicina da instituição. Alguns alunos alegam enfrentar precariedade, negligência e até situações de risco à vida.
De acordo com as denúncias feitas pelos estudantes, os laboratórios alagam frequentemente e precisaram empilhar cadeiras para segurar o teto que mostrava fragilidades. Os banheiros são improvisados e ainda segundo as denúncias, não há água potável disponível no campus.
Recentemente um incêndio ocorreu no local por conta da precariedade das instalações elétricas do espaço. Para não perder os equipamentos, os próprios alunos precisaram entrar em ação e salvar microscópios de um laboratório.
Os alunos também enfrentam obstáculos no percurso até o campus, especialmente durante o período de chuvas, quando o ramal que dá acesso à universidade torna-se difícil de transitar. Veículos comuns encontram dificuldades no trajeto, e muitos alunos dependem de colegas que possuem caminhonetes para chegar às aulas.
Além das questões de infraestrutura, os alunos revelam despesas adicionais relacionadas a atividades acadêmicas. Segundo relatos, a universidade solicita que invistam em materiais de laboratório, pinturas e eventos como feiras acadêmicas. Os estudantes afirmam que esses gastos são realizados sob a promessa de pontos extras, que, em alguns casos, não são concedidos.
Os alunos destacam que os custos exigidos aumentam as dificuldades para quem já enfrenta limitações financeiras. Essas questões têm gerado debates sobre o papel da universidade no suporte aos estudantes e sobre a transparência na gestão das atividades acadêmicas.
Abusos no ambiente acadêmico
Eles relataram ainda situações de abusos no ambiente acadêmico, com práticas que incluem expulsar alunos da sala por respostas erradas ou atitudes consideradas inadequadas, como bocejos. Alguns estudantes relatam estar sofrendo com crises de ansiedade e ataques de pânico em sala de aula, sem que a direção tomasse medidas acerca do ocorrido.
A diretora da instituição teria presenciado uma crise de uma aluna, e também não esboçou reação de apoio à estudante, segundo relatos de colegas. Outras denuncias apontam ainda para um suposto abuso sexual por parte de um dos professores da instituição. Uma aluna apresentou a acusação publicamente, mas os estudantes afirmam que a universidade não tomou medidas para investigar ou proteger a comunidade acadêmica.
Outra reclamação dos alunos é a suspensão arbitrária de uma prova realizada na instituição, em que alguns alunos foram pegos trapaceando com “colas” durante o exame, mas todos os participantes da prova tiveram seus exames anulados e não apenas os que foram pegos trapaceando.
“Tem gente aqui que estava estudando três dias, três noites sem dormir, estudando para essa prova, então o que aconteceu foi isso, que ela pegou alguns alunos colando e quer zerar a prova de todo mundo ao invés de zerar apenas quem estava colando”, diz trecho da denúncia enviada ao ContilNet.
Os alunos, que deveriam estar se preparando para salvar vidas, buscam por condições mínimas de dignidade e segurança na instituição de ensino, que de acordo com as reclamações enviadas à redação “parece priorizar interesses obscuros em detrimento do bem-estar de seus estudantes”.