Por volta das 7h20 do dia 29 de outubro de 2023, a aeronave modelo Caravan levantava voo na pista do Aeroporto Internacional de Rio Branco, rumo à Envira (AM). Um minuto depois, o veículo da A.R.T. Táxi Aéreo caiu em uma área de mata, explodiu e deixou os 12 ocupantes mortos.
Na aeronave, estavam, além do piloto e do copiloto, mais seis homens, três mulheres e uma criança de 1 ano e 7 meses. Após a queda, o avião explodiu, deixando todas as vítimas carbonizadas. A maioria dos passageiros estava no Acre para tratamento de saúde e voltava à Envira e Eirunepé, onde o voo também faria uma parada naquele domingo.
Nesta terça-feira (29), a tragédia completa um ano e a apuração do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) segue em andamento. Segundo o Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Sipaer), a investigação está em 55%.
Ainda conforme o Cenipa, não há um prazo para a conclusão de relatórios sobre acidentes aéreos e o tempo necessário depende de cada caso.
“A necessidade de descobrir todos os fatores contribuintes garante a liberdade de tempo para a investigação. A conclusão de qualquer investigação conduzida pelo SIPAER terá o menor prazo possível dependendo sempre da complexidade do acidente”, diz o órgão.
Acidente e identificação dos corpos
O voo que caiu em Rio Branco era particular, da empresa ART Taxi Aéreo, e decolou de Rio Branco com destino a Envira, no Amazonas. A aeronave modelo Caravan tinha capacidade para até 14 pessoas e caiu por volta das 7h21 no horário local (9h21 em Brasília), logo após a decolagem. O percurso ainda incluía uma parada em Eirunepé (AM).
Esta foi a maior tragédia aérea do Acre desde o acidente da Rico, que matou 23 pessoas em 2002 em Rio Branco.
Após o Departamento da Polícia Técnico-Científica esgotar todas as técnicas possíveis de identificação, e por conta do estado em que os corpos ficaram, os restos mortais tiveram que passar por extração de DNA, protegido dentro dos ossos. Trata-se de um trabalho minucioso, que passa por diferentes etapas e que é necessário para que seja concluída a identificação dos corpos das vítimas.
Esse tipo de procedimento requer tempo, além de não ter espaço para erros. Por isso, é impossível definir uma previsão para que seja concluído. Inclusive, passado 1 ano da tragédia, uma delas não conseguiu ser identificada por meio desta técnica.
O g1 teve acesso a esse trabalho feito no Instituto de Análises Forenses (IAF) para entender como é feita essa identificação. Mônica Paêlo, perita criminal do Laboratório de Genética Forense, explica que o estado em que os corpos se encontram era o maior desafio do processo.
“Os corpos foram carbonizados e o processo de carbonização foi intenso e isso se torna um desafio para a gente conseguir ter acesso ao material genético, o DNA, e poder processar essa amostra para identificação. Essa é uma das amostras com maior grau de dificuldade que a genética forense encontra”, detalhou na época.
Vale lembrar que em ato simbólico, por conta do processo minucioso de identificação, uma urna com as cinzas do local do acidente foram levadas para Envira (AM), onde houve um velório coletivo para as vítimas daquela cidade.
O mesmo aconteceu no caso do copiloto paraense Kleiton Lima Almeida. Como o corpo ainda não havia sido identificado para ir junto com o do piloto Cláudio Atílio Mortari, uma urna com cinzas do local do acidente foi levada para que as famílias pudessem se despedir, já que os dois eram da mesma cidade, Itaituba.
No fim de dezembro de 2023, dois meses após o acidente, o Instituto Médico Legal (IML) de Rio Branco finalizou os trabalhos de análise de DNA sem conseguir chegar à identificação de Francisco Eutimar Bernardo de Souza, que seguia em investigação.
De acordo com o diretor-geral do Departamento da Polícia Técnico-Científica, Sandro Martins, mesmo com a utilização de amostras de DNA de parentes de Francisco Eutimar, não foi possível identificar material genético dele nos fragmentos de corpos analisados.
Status da investigação
O caso é investigado pelo Sétimo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa VII). E até a última atualização, pouco mais da metade da análise já havia sido concluída.
“Os trabalhos desenvolvidos pelo Centro destinam-se, unicamente, à prevenção de acidentes […] Nesse sentido, as investigações realizadas pelo CENIPA não buscam o estabelecimento de culpa ou responsabilização, conforme previsto no § 4º, art. 1º, do Decreto nº 9.540/2018, tampouco se dispõem a comprovar qualquer causa provável de um acidente, mas indicam possíveis fatores contribuintes que permitem elucidar eventuais questões técnicas relacionadas à ocorrência aeronáutica”, ressalta o órgão.
A produção do relatório está na fase de análise de componentes e sistemas da aeronave, desempenho técnico e aspectos psicológicos que envolveram o acidente.