A Fundação Hospital Estadual do Acre (Fundhacre) oferece um serviço para o tratamento de fissuras labiopalatais por meio do Programa de Reabilitação e Assistência aos Fissurados (PRAFF). O programa, que é uma iniciativa do governo do Estado, em parceria com a ONG Smile Train, oferece tratamento completo e multidisciplinar para pacientes de todas as idades que necessitam de correções cirúrgicas e terapias relacionadas às fissuras labiais e palatais.
De acordo com a ortodontista e coordenadora do programa, Carol Lucena, o tratamento começa ainda na infância e se estende ao longo dos anos, incluindo múltiplas intervenções terapêuticas, como cirurgia plástica, ortodontia, fonoaudiologia e cirurgia bucomaxilofacial. “O nosso objetivo é proporcionar a reabilitação completa dos pacientes, oferecendo não apenas serviços de saúde, mas um acolhimento humanizado, tratando cada paciente como se fosse da nossa própria família”, afirmou Lucena.
O PRAFF se destaca por sua eficiência: a lista de espera para cirurgias é praticamente inexistente, com procedimentos realizados semanalmente. “Seguimos um protocolo internacional de referência, onde as cirurgias de lábio são realizadas aos seis meses de vida, e as cirurgias de palato por volta dos dois anos. No entanto, se o paciente chega fora dessa faixa etária, ele também será atendido com a mesma prioridade”, acrescentou a médica.
Além dos atendimentos realizados em Rio Branco, a equipe do PRAFF está buscando ampliar o acesso ao programa para pacientes do interior, como na região do Juruá. “Estamos organizando idas periódicas a Cruzeiro do Sul para realizar cirurgias e oferecer as terapias complementares, evitando que esses pacientes precisem se deslocar até a capital”, explicou.
A presidente da Fundhacre, Ana Beatriz Souza, acredita que o PRAFF vai além da estética: trata-se de um projeto social de melhoria do atendimento a essa população. “A gente visa muito também o paciente infantil, melhorando a forma de comer, de falar, a aparência, o convívio na sociedade. Então, o PRAFF tem uma importância enorme dentro do sistema de saúde. Contamos com profissionais da odontologia, médico-cirurgião plástico, fonoaudiólogo, toda uma equipe multi que compõe um serviço completo desde a primeira consulta, onde o paciente tem sua vida transformada”, declarou a gestora.
Iriscélia de Souza, mãe de Mariah Eduarda, de um ano e nove meses, soube da condição da filha no momento do nascimento. Mariah é portadora de lábio leporino e já passou por uma cirurgia de correção.
“Eu comecei a fazer o tratamento [pelo PRAFF] e o médico marcou a primeira cirurgia. Ela fez com nove meses, porque precisava ter um peso adequado. Ela não fala ainda, era ruim pra ela comer, porque tomava só o leite. Ela se engasgava, né? Porque o céu da boca é aberto. O atendimento é bem rápido, eu acho muito bom”, declarou Iriscélia.
Isabella Viçosa, de 6 anos, e sua mãe, Nayara Oliveira, enfrentaram um longo trajeto em busca de atendimento especializado para tratar a fissura submucosa de palato da menina. Vindo de Pauini, no interior do Amazonas, a família percorreu por 12 horas de lancha até Boca do Acre, seguido por mais quatro horas de ônibus até chegar em Rio Branco.
Diagnosticada ainda pequena, Isabella começou a apresentar complicações como perda auditiva e dificuldades na fala. Após ser acompanhada pelo cirurgião plástico Felipe Queiroga desde os dois anos, a decisão de realizar a cirurgia veio em 2024, quando a condição de Isabella piorou. “Ela já estava perdendo a audição, e o doutor disse que era o momento certo para operar”, relatou Nayara.
A cirurgia aconteceu em setembro, e a recuperação, apesar das dificuldades iniciais com a alimentação, tem sido positiva. Nayara ressalta a dedicação da equipe do PRAFF, que continua acompanhando Isabella no pós-operatório. “O médico e a equipe são muito atenciosos, sempre prontos para nos ajudar”, concluiu a mãe, aliviada por ver a filha finalmente se recuperando.
Fabiano Conrado, cirurgião bucomaxilofacial do programa, reforça a importância do tratamento: “Muitos pacientes, especialmente adultos que vivem em áreas remotas como seringais ou aldeias indígenas, nunca tiveram acesso ao tratamento adequado. Estamos prontos para recebê-los e oferecer o melhor atendimento possível”. Ele faz um apelo à comunidade: “Se você conhece alguém que precise desse tipo de assistência, procure o serviço do PRAFF na Fundhacre. Nossa equipe está preparada para ajudar”.