Vagner Sales, ex-prefeito de Cruzeiro do Sul, construiu uma carreira política que, por muitos anos, parecia sólida. No entanto, uma sequência de decisões desastrosas culminou no que muitos consideram o fim do MDB no Acre. Movido por uma combinação de arrogância, falta de visão e uma boa dose de “crescimento de olho,” Vagner acabou enterrando o partido que ele mesmo ajudou a consolidar no estado. Esta é a história de um homem que um dia liderou, mas conseguiu destruir o legado político que havia construído.
A aliança dos sonhos… até virar pesadelo
Há mais ou menos um ano atrás, Vagner Sales bateu à porta do governador Gladson Cameli, em busca de uma aliança estratégica que envolveria os dois maiores polos eleitorais do estado: Rio Branco e Cruzeiro do Sul. O plano parecia simples e promissor: o PP indicaria o vice de Marcos Alexandre em Rio Branco, e o MDB ficaria com a vaga de vice na chapa de Zequinha Lima em Cruzeiro do Sul. Um pacto que, se levado a cabo, criaria uma força política inquestionável, capaz de dominar os cenários eleitorais nas duas cidades mais importantes do Acre e, quem sabe, expandir essa influência para outros municípios.
Era o tipo de acordo que qualquer estrategista político assinaria de olhos fechados. Mas, com Vagner Sales, a lógica política muitas vezes ficou em segundo plano, e o que parecia um caminho para a vitória logo se transformou em um enredo de desentendimentos e ambição desmedida.
As pesquisas que trouxeram o caos
No meio do processo, surgiram as famigeradas pesquisas, apontando 60% de intenções de voto para Marcos Alexandre em Rio Branco e mais de 60% para Jéssica Sales, filha de Vagner, em Cruzeiro do Sul. Até aí, tudo parecia caminhar bem. O problema foi que Vagner, ao ver esses números, foi dominado por uma confiança tão cega quanto perigosa. Movido pela ilusão de que poderia eleger não apenas Marcos Alexandre, mas também Jéssica em Cruzeiro do Sul, ele começou a acreditar que seu futuro político estava garantido.
Como se estivesse jogando uma partida de pôquer, o ‘Coroné’ resolveu apostar tudo. Ignorando os conselhos de aliados e até as tentativas de Marcos Alexandre de mantê-lo focado no plano inicial, Vagner decidiu lançar a candidatura de Jéssica Sales em Cruzeiro do Sul. A partir desse momento, a estratégia inicial — aquela que parecia ser uma jogada de mestre — foi completamente desfeita. O acordo com o PP em Rio Branco foi jogado pela janela, e o MDB, que estava prestes a formar uma coalizão sólida, virou oposição ao partido do governador.
A ruína nas urnas
O resultado dessa virada abrupta foi, no mínimo, catastrófico. Em Rio Branco, Tião Bocalon aproveitou o vácuo deixado pela ruptura e venceu no primeiro turno, sem grandes dificuldades. A capital, que poderia ter sido um bastião da aliança PP-MDB, foi perdida em questão de semanas. Já em Cruzeiro do Sul, Zequinha Lima, que já havia se consolidado como uma figura política forte e popular, acabou derrotando Jéssica, enterrando de vez a família Sales na cidade.
Vagner, que havia apostado todas as suas fichas na candidatura da filha, viu seu império desmoronar. O que era para ser uma jogada ambiciosa se transformou em um fiasco monumental. O MDB, que já vinha enfrentando dificuldades no estado, foi varrido do mapa político acreano, e o nome de Vagner Sales ficou marcado como o responsável por esse fracasso.
O “prêmio” de Vagner
Diante desse cenário, a imagem de Vagner Sales como grande estrategista político virou piada. Se fosse para receber um prêmio, seria o de melhor “coveiro” que a política viu, já que ele conseguiu enterrar não só a carreira política de sua filha, mas também o próprio partido. Ao ignorar conselhos, confiar cegamente em pesquisas duvidosas e ser movido pela ganância, Vagner deu um show de como não fazer política. Sua queda não foi apenas previsível — foi quase tragicômica.
Ao invés de fortalecer o MDB, ele deixou o partido em frangalhos, e o impacto de suas decisões será sentido por anos. O acordo que parecia a salvação virou sua ruína. Se antes Vagner Sales era visto como uma figura influente no cenário político do Acre, agora ele será lembrado como o homem que afundou o MDB em seu próprio reduto.
O legado que resta
A história de Vagner Sales não será esquecida tão cedo. Seu nome ficará gravado nos anais da política acreana, mas não pelas conquistas que ele um dia almejou. Ao invés disso, será lembrado como o exemplo clássico de como a soberba e a falta de planejamento estratégico podem destruir até os alicerces mais sólidos.
O que resta, para Vagner, é lidar com as consequências de suas ações. Sua carreira política, assim como a de sua filha, foi colocada em xeque, e o partido que ele tanto defendeu está, agora, desmantelado. O homem que um dia foi o líder de Cruzeiro do Sul e uma figura de peso no MDB se tornou o símbolo de sua própria destruição.
Ao final dessa trama, Vagner Sales pode até tentar se esquivar das críticas, mas o veredito já foi dado: ele foi o grande responsável por acabar com o MDB no estado do Acre. E, como a história costuma ser implacável com aqueles que falham de forma tão espetacular, essa conta ficará marcada para sempre em seu nome.