O professor do Colégio de Aplicação afastado em maio, após denúncias de assédio sexual contra estudantes menores de idade, retornou às atividades na escola nesta segunda-feira, 31.
Segundo fontes do grêmio estudantil, que não quiseram se identificar, as famílias dos jovens que teriam sido assediados não foram comunicadas sobre o retorno do docente à unidade de ensino.
Além disso, elas afirmam que a Universidade Federal do Acre (Ufac), à qual o Colégio de Aplicação está subordinado, não concluiu o processo administrativo aberto contra o professor, que não teve o nome divulgado.
“Não foi explanada uma conclusão sobre esse processo, então ele não poderia estar na escola lecionando. Mesmo que o processo tivesse sido arquivado ou o professor tivesse sido inocentado das ‘trocentas’ acusações, ainda tem a questão de que, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, a escola teria que, nesse primeiro momento, informar os pais e os alunos dessa volta e trabalhar o retorno dele com mediação, o que não aconteceu”, disse uma estudante, que não se identificou por medo de represálias.
Cerca de dez meninos e meninas, entre 12 e 17 anos, teriam sido vítimas do assédio. Segundo relatos, o docente fazia comentários inapropriados sobre o corpo das jovens, toques em braços, mãos e pescoço das alunas, além de “piadas” de cunho sexual.
“Ele comprou um sorvete, passou pelos meninos e falou exatamente assim: ‘vocês, quando vão chupar um sorvete, chupam na mesma bola?’. Uma colega minha estava por trás e ouviu, ele percebeu e falou ‘desculpe, não sabia que tinha uma senhorita por aqui’. Ele passou a mão no ombro dela e ela foi embora. Quando ele percebeu que não tinha mais nenhuma menina por perto, ele chegou nos meninos e falou ‘é assim que se chupa’ e deu o maior chupão na bola e um lambidão depois. Todo mundo ficou sem graça”, aponta um dos relatos feito por um jovem.
Diante das denúncias, reforçadas pelos ministérios públicos Estadual (MPAC) e Federal (MPF), o docente foi afastado por quatro meses e virou alvo de um procedimento administrativo disciplinar na Ufac.
A reportagem procurou a universidade para entender como anda o processo contra o professor e o motivo pelo qual os pais dos alunos supostamente assediados não foram comunicados sobre o retorno dele, mas não obteve resposta até a publicação.
“Ele já é professor na casa há um tempo, e, desde que entrou, tem recebido acusações de assédio, tanto por parte de professoras quanto de alunas. E são situações recorrentes. Já levantamos até abaixo-assinado, mas essas denúncias nunca haviam sido, de fato, levadas para frente. Sempre ocorreu uma negligência muito grande por parte das gestões do Colégio de Aplicação”, denuncia outra aluna ligado ao grêmio estudantil.