“Raimundo Cardoso, Mário Ângelo e Zé Roberto são os nomes que usei durante a ditadura militar para driblar a repressão. Mas todos são o Carlos.” É assim que o escritor acreano Carlos Augusto fala sobre o lançamento do seu livro “Parangaba: A luta como destino”, que ocorre nesta terça-feira, 1, no auditório do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), às 17 horas. A obra é uma autobiografia das memórias do combatente e a sua luta contra a ditadura militar.
O livro retrata a história de vida e toda a luta na clandestinidade na época da ditadura militar que permeou os anos 60 até 1984. O escritor e engenheiro agrônomo Carlos Augusto relatou com exclusividade À GAZETA um pouco do que fala em na obra e os desafios enfrentados ao longo de toda a sua existência.
Carlos conta que o livro está escrito em primeira pessoa e se trata de uma autobiografia, além disso, ele diz que a obra apresenta ilustrações e fotos de lugares por onde ele passou e viveu e que o motivo de ter essas fotos é para juventude de hoje possa visualizar esses lugares e ter uma noção geográfica.
A obra descreve desde o estudo de Carlos no Ceará até as lutas estudantis durante a ditadura, momento que a juventude não concordava com o Brasil que via e ia para a luta. “Alguns colegas deram sua vida por um Brasil melhor, mais liberto, mais soberano, mais democrático, pelas liberdades, um Brasil republicano, com justiça social, com as reformas agrárias”, relata o autor.
Carlos ainda relata sobre as dificuldades que viveu ao longo da sua história e, na construção do livro, segundo ele, os recursos utilizados além da sua própria memória, foram as fotos que ele só conseguiu depois, já que ele não podia tirar fotos de si mesmo. O engenheiro conta que passou mais de 18 anos numa grande atividade rigorosa e que ele não podia dar nenhuma notícia para sua família por questão de segurança. “Eu enfrentei tudo isso, cheguei a mudar de nome três vezes, cada estado em que eu estive era um nome diferente para nunca poder ser encontrado. E assim foi a minha vida durante a minha juventude todinha”, diz.
O escritor ainda declara sobre a importância do livro para sociedade. Segundo ele, a ideia é trazer para nova geração o compromisso de um cidadão jovem estudante que militou na política educativa do Ceará. “Havia um ideal, uma utopia, um sonho que eu tinha de ajudar a construir um país melhor. Isso tudo me deu um combustível para esse trabalho e resistir nessa luta durante a ditadura militar”, conclui.