Israel confirmou nesta terça-feira (22) a morte de Hashem Safieddine, que era visto como o sucessor de Hassan Nasrallah na liderança do Hezbollah, grupo extremista libanês. A notícia surge após semanas de incerteza sobre o paradeiro de Safieddine, que estava incomunicável desde os bombardeios israelenses no Líbano no início de outubro. A confirmação de sua morte gera novas especulações sobre o futuro do Hezbollah.
Hashem Safieddine era primo de Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah desde 1992, e tinha um papel fundamental na organização, comandando o conselho executivo. Esse conselho cuidava de assuntos financeiros e administrativos do grupo, além de participar das decisões militares através do conselho da Jihad, a ala militar do Hezbollah. Sua influência no Hezbollah cresceu nos últimos anos, especialmente com a ausência de Nasrallah em eventos públicos por questões de segurança.
Nascido no sul do Líbano, uma região predominantemente xiita, Safieddine era de uma família respeitada entre os apoiadores do Hezbollah. Ele estudou em seminários religiosos no Irã e manteve fortes laços com o regime iraniano, principal aliado do Hezbollah. Seu filho, Rida, é casado com a filha de Qassem Soleimani, general iraniano da Força Quds, morto em um ataque de drone dos EUA em 2020.
A confirmação da morte de Safieddine levanta dúvidas sobre o futuro da liderança do Hezbollah. O grupo, que tem um papel significativo na política e na resistência armada no Líbano, está sem uma liderança clara após o ataque israelense que matou Hassan Nasrallah em setembro. Safieddine era visto como o sucessor natural, mas sua morte inesperada pode criar um vácuo de poder.
Outras figuras, como Naim Qassem, que foi vice-chefe do Hezbollah, também são cotadas para assumir o comando. Qassem tem sido a voz pública do grupo desde a morte de Nasrallah, e foi ele quem admitiu recentemente que o Hezbollah sofreu “golpes dolorosos” com os ataques israelenses, mas tentou tranquilizar seus apoiadores sobre a capacidade de reorganização militar do grupo.
O Hezbollah tem sido alvo de constantes bombardeios por parte de Israel, que vê o grupo como uma ameaça à sua segurança. Esses ataques intensificaram-se desde 7 de outubro de 2023, quando o grupo palestino Hamas, aliado do Hezbollah, lançou um ataque surpresa contra o sul de Israel, desencadeando uma guerra que ainda está em curso. O Hezbollah, que controla áreas no sul do Líbano, entrou no conflito em apoio ao Hamas, aumentando a tensão na região.
A morte de Safieddine, somada à de Nasrallah, enfraquece a liderança do grupo, mas não necessariamente sua capacidade operacional. O Hezbollah ainda tem uma estrutura bem estabelecida e fortes laços com o Irã, que fornece suporte militar e financeiro. No entanto, as perdas de líderes-chave podem ter um impacto significativo na moral e na capacidade de coordenação do grupo em um cenário de guerra prolongada.
Com a ausência de Safieddine e Nasrallah, o Hezbollah enfrenta uma transição de liderança que pode ser desafiadora. Naim Qassem, que assumiu temporariamente as responsabilidades de Nasrallah, já mostrou disposição em manter a resistência contra Israel. Ele afirmou que “ninguém deve achar que nós abandonaremos nossas posições ou baixaremos as armas”, em um discurso que visava demonstrar força em meio aos ataques.
No entanto, a morte de figuras de alto escalão como Safieddine e Nasrallah pode provocar uma reorganização interna e afetar a capacidade do grupo de continuar suas operações militares com a mesma intensidade.
A morte de Hashem Safieddine e de Hassan Nasrallah coloca o Hezbollah em uma posição delicada. Com seus principais líderes fora de cena, a organização precisará não só encontrar uma nova liderança, mas também reforçar sua legitimidade entre seus apoiadores e sua base de poder no Líbano. Será que o grupo conseguirá manter sua coesão e capacidade de ação militar? Como o Irã, principal aliado, reagirá a essa perda? Essas são questões que permanecem sem respostas claras e que podem definir o futuro da estabilidade na região.