O Rio Madeira, em Porto Velho, registrou nesta quinta-feira (5) seu menor nível histórico, atingindo a marca de 96 centímetros, conforme o monitoramento do Serviço Geológico do Brasil (SGB). É a primeira vez, desde o início das medições em 1967, que o rio fica abaixo de um metro. Este recorde negativo coincide com o Dia da Amazônia, data que ressalta a importância da preservação da floresta e dos recursos hídricos.
A situação é reflexo de uma seca extrema que impacta a região, onde o Rio Madeira, que abriga 40% das espécies de peixes da bacia amazônica, já vinha apresentando níveis baixos desde julho de 2024. Em apenas pouco mais de um mês, o volume de água baixou quase 1,5 metro, agravando a crise.
A seca forçou a Hidrelétrica Santo Antônio, uma das maiores do Brasil, a operar com apenas 14% de suas turbinas, com 43 das 50 unidades geradoras paradas. A Eletrobras, controladora da hidrelétrica, informou que a operação foi ajustada para concentrar a geração de energia no grupo Gerador 1, localizado na margem oposta do rio, garantindo o fornecimento de energia para as regiões do país.
Estiagem
A estiagem afeta severamente as comunidades ribeirinhas, que dependem diretamente do rio. Moradores relatam dificuldade para obter água potável, sobrevivendo com menos de 50 litros por dia, muito abaixo dos 110 litros recomendados pela Organização das Nações Unidas (ONU) para atender às necessidades básicas.
Além disso, a seca coincide com um período de queimadas intensas em Rondônia. Somente nos primeiros dias de setembro, foram registrados 570 focos de incêndio, levando o estado a ter o pior índice de queimadas dos últimos 14 anos, conforme o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).Pior qualidade do ar no país.
Pior qualidade do ar no país
A combinação de queimadas e seca colocou Porto Velho entre as cidades com pior qualidade do ar no Brasil. Dados da plataforma suíça IQAir indicam que a concentração de partículas PM2,5 na capital de Rondônia é 31,2 vezes maior que o nível anual recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Com o estado coberto por fumaça há mais de um mês, a paisagem foi drasticamente afetada, substituindo o céu azul característico da região por um constante tom de cinza.
- Fonte: Diário da Amazônia.