Durante a última sexta-feira (12), a obra do linhão de energia elétrica, situada na Terra Indígena dos Noke Koi, os Katukina, na BR-364, em Cruzeiro do Sul, foi retomada após os indígenas receberem a garantia de que vão receber dinheiro da construção, além das estruturas de produção.
A empresa responsável pela obra, identificada como Transmissora Acre possui contrato de concessão com a Agência Nacional de Energia Elétrica- Aneel para a execução da linha de transmissão de energia de Rio Branco a Cruzeiro do Sul, sendo que o trecho de Rio Branco a Feijó já está concluído.
Dessa forma, a empresa afirma que a linha transmissora corta os 18 quilômetros da Terra Indígena a pedido deles, já que o linhão põe em definitivo o Acre no Sistema Interligado Nacional, com energia renovável de hidrelétricas. Atualmente em Cruzeiro do Sul, a energia elétrica é produzida a partir do uso de óleo diesel.
Diante do cenário, a empresa A Transmissora Acre deverá pagar R$ 1 milhão pelas seis árvores de sumaúma derrubadas para a instalação das torres de transmissão, além do pagamento de um fundo de desembolso anual permanente de R$ 290 mil.
“O linhão é permanente, as terras são permanentes, então o fundo tem que ser permanente”, afirmou o cacique geral dos seis clãs dos Katukina, Edilson Rosas, o Poá.
Segundo informações, os indígenas também vão receber, por meio da Associação Geral do Povo Noke Koi da Terra Indígena katukina, entre R$ 6 e R$ 7 milhões, que seriam empregados na construção de estruturas de produção, como casas de farinha e de mel de cana de açúcar.
Porém, das 11 Casas de Farinha que seriam feitas, só vão ser concluídas seis. Das nove mini indústrias de cana, menos da metade serão feitas. Desta forma, os recursos serão destinados à associação e dois antropólogos também serão contratados para auxiliar a comunidade indígenas durante este processo.
Durante uma reunião em que estiveram presentes o procurador da República no Acre Luidgi Merlo, o coordenador da Organização dos Povos indígenas do Juruá- Opirj, Francisco Pyanko, os representantes da Fundação Nacional dos Povos indígenas (Funai), Ibama e outras instituições, o cacique Poá afirmou que neste momento é preciso pensar no futuro do seu povo.
“Essa obra é milionária e feita por uma empresa milionária. Então temos que pensar no futuro do nosso povo Noke Koi e, por isso, pedimos esse fundo e esses recursos. Acreditamos que tudo vai dar certo, mas ainda não sabemos quando vamos receber esse dinheiro. Tudo vai estar em um acordo que vamos assinar ainda. Agradecemos ao procurador Luidgi, as nossas advogadas e todos que nos ajudaram. Só queremos garantir o futuro de nosso povo”, destacou o cacique Poá.
Ainda nesta reunião, o liderança da Opirj, Francisco Pianko, afirmou que tudo será formalizado por meio de um Termo de Acordo, que será elaborado pelo Ministério Público Federal.