O Vasco, ao menos por enquanto, não está na zona de rebaixamento. Ainda que estivesse, restam duas rodadas para o fim do Brasileirão. Mas equipe visivelmente sentiu o golpe da dura derrota por 4 a 2 para o Corinthians na noite desta terça-feira, em São Januário.
Foi uma derrota para abalar o ânimo do time que vinha de seis rodadas de invencibilidade e que daria um passo enorme, embora ainda não definitivo, para escapar do rebaixamento em caso de vitória. Em vez disso, perdeu de virada dentro de casa e agora encontra-se à beira do abismo.
Com 42 pontos, o Vasco no momento ocupa a primeira posição fora do Z-4, mas vai ser empurrado para o 17ª lugar em caso de vitória ou empate do Bahia (que tem 41 pontos) sobre o São Paulo nesta quarta, em jogo que será realizado na Arena Fonte Nova.
Enquanto o Vasco terá duas paradas duras nas rodadas finais do Brasileiro (Grêmio em Porto Alegre e Bragantino em casa), o Bahia enfrenta o já rebaixado América-MG no fim de semana e encerra o campeonato contra o Atlético-MG em Salvador. É uma situação complicada.
Ao fim do jogo, abatida, a torcida que mais uma vez lotou São Januário sequer teve forças para protestar. Foram ouvidos apenas alguns gritos de “time sem vergonha” enquanto os vascaínos caminhavam cabisbaixos em direção à saída.
O próprio técnico Ramón Díaz, autor da célebre afirmação “Vasco no va a bajar”, fraquejou em sua convicção na coletiva de imprensa depois da partida. Embora se diga “convencido de que não vai cair”, ao mesmo tempo pontuou que “o futebol muda muito rápido” e que “tudo pode acontecer”.
Gols, virada e desespero
A julgar pelos primeiros minutos de jogo, o Vasco jogou para golear o Corinthians em São Januário. A escolha de Ramón Díaz por uma formação com apenas dois atacantes e um meio de campo povoado deu resultado logo aos três minutos, quando Lucas Piton cruzou livre da esquerda, e Puma Rodríguez, mais livre ainda, marcou de cabeça. Com as atenções voltadas para o meio, os laterais vascaínos flutuavam.
Nem mesmo o gol de empate do Corinthians, marcado por Romero depois de uma mini partida de futevôlei dentro da área, abalou o Vasco. A torcida cantou alto, o time voltou para o jogo e marcou o segundo, esse um golaço de Vegetti, finalizando de primeira após cruzamento de Puma.
O problema é que o Vasco nesta terça recuou quando deveria avançar. Como já havia acontecido no primeiro gol, os donos da casa recuaram depois do segundo e chamaram o Corinthians para o seu campo. Resultado: gol de cabeça de Romero. Mais um gol sofrido no fim do primeiro tempo nesta temporada.
A partir daí, o Vasco se perdeu na partida. No segundo tempo, no momento de colocar a bola no chão e tentar envolver o adversário em busca da vitória, o time de Ramón Díaz abusou dos cruzamentos. Total de 47 bolas levantadas na área – em um deles, Moscardo abriu os braços e tocou com a mão na bola, mas o árbitro não marcou pênalti.
Enquanto o Vasco se propôs a jogar, vários jogadores renderam. Puma (autor de um gol e de uma assistência) talvez tenha feito sua melhor partida com a camisa do Vasco. Zé Gabriel, Jair, Paulinho e Payet conseguiram dar dinamismo ao meio de campo. Como de costume, Gabriel Pec deu trabalho para a defesa adversária. Mas não dá para falar de destaques positivos depois de uma derrota por 4 a 2.
A verdade, também, é que o Corinthians não produziu para fazer quatro gols em São Januário, mas soube ler a partida e aproveitou os vacilos da defesa vascaína. No terceiro gol, Renato Augusto recebeu com generosa liberdade dentro da área e entregou para Moscardo, que parecia ter ainda mais espaço. Bola no fundo da rede de Léo Jardim.
O gol de Giovane nos acréscimos foi o golpe final. Nem sequer uma bola errante no apagar das luzes para arrancar um empate improvável seria possível. Restam duas rodadas, e o Vasco não depende mais apenas de si para ficar na Série A do Brasileiro.