Nem mesmo Santo Antônio, tido pelos brasileiros como ‘Santo Casamenteiro’, tem ajudado a união de pessoas que optaram por casar. Pelo menos é o que mostra uma pesquisa recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), comprovando que no Estado do Acre, entre 2020 a 2022, o índice de divórcios aumentou mais de 100%.
A convivência durante a pandemia e falta de diálogo são apontadas como as causas principais das separações. Segundo os números apresentados pela pesquisa feita em todo o país, em 2020 foram registrados 500 divórcios no Acre, em 2021 ocorreram 800 separações e no ano passado mais de 1.000, o que aponta um aumento de mais de 100% nos últimos três anos.
A pesquisa também mostrou que os casamentos no Acre duram em média 10 anos. Existem aqueles que duram até que a morte os separe, e muitos que não chegam a um mês.
O advogado especialista em Direito da Família Emerson Costa, que já atuou como conciliador na Segunda Vara da Família de Rio Branco, disse acreditar que a pandemia foi uma das principais ondas de divórcios e separações no Acre. Segundo ele, os casais tiveram que conviver 24 horas sozinhos em uma casa, surgiram as diferenças, e consequentemente a opção pelo divórcio.
Para o advogado, a mudança de paradigma da mulher foi a segunda causa das separações. “Quando trabalhava da 2ª Vara da Família, alguns casais me procuravam e o marido reclamava que a mulher estava querendo ‘cantar de galo’ em casa, diferente, querendo mandar e colocar um cabresto. A partir desse momento, surgia a situação de divórcio. Então tivemos pandemia e a mudança de comportamento da mulher como principais causas, além dos casos comuns, como ciúmes, infidelidade conjugal e outros”, conclui.
Para o neuropsicólogo Paulo Ricardo, o grande vilão causador de separações é exatamente a falta de diálogo entre os casais “É um ponto essencial. Você pode dialogar como se sente diante de uma situação e um conflito conjugal. Muitas vezes a pessoa já chega culpando o outro, afirmando ser o cônjuge responsável pelo desentendimento e tem que mudar ou melhorar. O diálogo é peça primordial de uma boa relação” comentou o especialista.
Paulo Ricardo advertiu para que os casais tenham muito cuidado com o divórcio, para evitar novos desastres com futuras relações. “Muitas das vezes uma pessoa deixou tanto sua dependência emocional não mão do outro, o ‘sou feliz por você’, que quando sai dessa relação acredita que não vai encontrar uma pessoa, que outra pessoa pode ser ruim pra ela, ou leva consigo a carga do outro relacionamento para um próximo”.