Após mais de um mês em falta, as insulinas de ação rápida voltaram a ser distribuídas pela Secretaria de Saúde do Acre nesta quarta-feira (24) aos pacientes com diabetes. A informação foi confirmada ao g1 pelo chefe departamento de Assistência Farmacêutica da Sesacre, Marcelo Xavier.
O estado recebeu nesta quarta 485 doses de insulina enviadas pelo Ministério da Saúde. Segundo Xavier, essa quantidade dá para dois meses de distribuição aos cerca de 70 pacientes cadastrados no Centro de Referência de Medicamentos Especiais (Creme).
“O que chegou hoje [quarta, 24] foi por conta de uma redistribuição que o Ministério da Saúde fez entre os estados, que vai dar para atender em torno de dois meses os pacientes que temos hoje cadastrados. Tem ainda a compra do Ministério da Saúde, que é emergencial, e que tem a previsão de receber no dia 9 de julho. Dessa, solicitamos quantitativo suficiente para três meses, ou seja, vai chegar em torno de 840, em julho”, disse Xavier.
A insulina de ação rápida geralmente é usada por pacientes com diabetes tipo 1, quando o pâncreas para de produzir o hormônio. Nesse caso, a caneta de insulina rápida é necessária ara manter os níveis de glicose estáveis depois da ingestão de alimentos. Por isso, é aplicada antes das refeições, e faz efeito em torno de meia hora.
A falta do medicamento no Sistema Único de Saúde (SUS) é um problema nacional e ocorre por entraves nas compras. Segundo o chefe do departamento, a medicação estava em falta no estado acreano desde o último dia 20 de abril.
A dona de casa Edvania Vera contou que o filho Ekiton Sales, de 11 anos, nasceu com diabetes e que não pode ficar sem a medicação. Por isso, ela disse que sempre tem o cuidado com relação ao estoque que tem em casa, inclusive, conta com doação de familiares.
“Passei foi uns dois meses sem conseguir pegar a medicação no Creme para meu filho. Mas, como eu tinha um pouco em casa ainda, ele não chegou a ficar totalmente sem a medicação. Eles não tinham previsão de quando ia chegar e hoje [quarta, 24] mandaram mensagem dizendo que tinha chegado. Não fiquei sem porque sempre tive esse cuidado. Meu filho nasceu com diabetes e depende dessa medicação para sobreviver. Deus nos livre dele ficar sem, porque pode ficar com sequelas e outros problemas além dos que já tem”, disse.
No início de abril, o Ministério da Saúde informou aos estados que avaliava medidas para reverter a possibilidade da falta de estoque de insulina de ação rápida, em canetas, no SUS. Entre elas, uma compra internacional, que estava em fase de “avaliação dos documentos enviados pelas empresas” e compra de insulina em frasco.
No mês passado, o g1 conversou com Débora Motta, que é mãe de uma menina de 10 anos que usa a insulina de ação rápida, utilizada no tratamento do diabetes mellitus (DM1), desde os 7 anos. Ela informou na época que os pais foram orientados a pegar outro tipo de insulina nos postos de saúde. Contudo, para a filha dela a substituição do medicamento não tem o mesmo efeito e, com isso, ela precisa comprar a insulina de ação rápida.
“Nosso grupo, que chama ‘Família Doce’, tem cerca de 90 pessoas, e são mais os pais de crianças com DM1, e, às vezes, a gente empresta a caneta para quem não tem e começa a ação toda. A médica que está no grupo deu a solução de quem não conseguir, que pegue no posto de saúde de outro tipo. Essa última, em 15 minutos começa a fazer efeito no organismo da criança. A minha filha é acostumada com esse tipo. Quando coloco a de ação rápida, demora muito mais tempo e, às vezes, não faz mais efeito”, contou na época.