O Acre consta na lista de 13 estados brasileiros em que o emprego formal com carteira de trabalho assinada é menor do que o de beneficiários do Bolsa Família. A estimativa é que 135 mil famílias acreanas sejam beneficiadas com o programa de transferência de renda do Governo Federal, aponta estudos da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
No caso, todos os estados do Nordeste e mais quatro do Norte, entre os quais o Acre, apresentam o mesmo cenário em que beneficiários do Bolsa Família são maiores que o de trabalhadores com carteira assinada, excluindo-se o setor público.
Ano passado, o número de estados com este cenário era de 12. O Rio Grande do Norte era a única exceção na região Nordeste, mas já não é mais. Como todos os outros estados nordestinos, agora registra mais beneficiários do Bolsa Família do que empregos formais.
Há também os quatro estados do Norte nessa situação. O Maranhão é o Estado onde essa relação de dependência do benefício é mais forte. Há duas famílias maranhenses recebendo Bolsa Família para cada trabalhador com carteira assinada no Estado. Antes da pandemia, eram oito Estados com mais benefícios que empregos formais. O número subiu para 10 em 2020, 12 em 2022 com o Auxílio Brasil e, agora, 13.
O aumento dessa proporção se deve, majoritariamente, à ampliação de 49% no número de beneficiários do programa social no último ano do governo Bolsonaro. Depois de passar três anos com aumentos discretos no número de beneficiários, o governo Bolsonaro ampliou de 14,5 milhões de atendidos para 21,6 milhões no ano eleitoral de 2022. Ao menos três milhões dos sete milhões de novos beneficiários foram incluídos no programa nos três meses que antecederam as eleições.
Em novembro de 2022, a proporção de beneficiários por trabalhador com carteira atingiu, pela 1ª vez, 50%. Isso significa que, para cada dois trabalhadores com carteira assinada, havia uma família recebendo o auxílio do governo. A taxa chegou ao recorde histórico em janeiro (51,5%) de beneficiários em relação aos empregados. Em fevereiro de 2023 ficou em 51,1%.
Uma parte do aumento de beneficiários do Bolsa Família deve ser revertida com a revisão pelo governo dos cadastros do programa social que considera irregulares (fala-se em 2 milhões ou mais). O economista Marcelo Neri, diretor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Social, destaca que o Bolsa Família é o programa social mais focado (que mais chega à população mais pobre, quem realmente precisa, em vez de beneficiar outros grupos). O aumento apressado dos cadastros às vésperas da eleição pode ter reduzido a eficiência da ação. Além do grande aumento no número de beneficiários do programa social, há também um processo de mudança no mercado de trabalho, dizem economistas..