”O Acre não pode parar…”

Na última quinta-feira (10) a Policia Federal levou a cabo a III fase da Operação Ptolomeu. O objetivo, segundo o delegado que preside o inquérito, é investigar possíveis atos de corrupção e lavagem de dinheiro que, supostamente, envolveriam integrantes do governo acreano.

Bem, então se essa foi a fase III significa que já ocorreram duas para trás e que, ao gosto da PF, poderão acontecer outras pra mais adiante.

Esse modo seriado de ação policial me traz à memória a Lava Jato. As figuras incensadas da República de Curitiba viciaram boa parte dos brasileiros a uma novela que tinha como capítulos as infindáveis operações de quase todos os finais de semana. Já que estava dando “ibope”, tome operação após operação.

Os responsáveis por suas edições passaram a fazer um jogo perigoso. Ficaram fascinados com a fama vertiginosa que só crescia na medida em que novos e pirotécnicos capítulos eram mostrados ao Brasil. As favas o devido processo legal, a imparcialidade do Juiz e as regras que garantem paridade de armas. Eles podiam tudo. Estavam agradando a plateia.

O Brasil da Lava Jato virou uma espécie de Coliseu romano ávido por mais e mais vítimas dos leões que bramiam famintos na arena. Mas, tudo aquilo deu xabu.

A guisa de combater a corrupção, quebraram portentosas empresas da construção civil, multinacionais brasileiras com presença em todos os continentes, e sepultaram milhares de postos de trabalho. O juiz do feito foi declarado parcial pela Suprema Corte, e o procurador chefe da operação repreendido/condenado por seus métodos heterodoxos de investigação. A Lava Jato acabou sepultada pelo PGR Augusto Aras.

Pois, voltemos ao Acre e a Ptolomeu.

Quem quiser bater palmas para a novela que se ensaia por aqui, que bata. De minha parte, confesso que vejo com desgosto a utilização da mesma metodologia investigativa da Lava Jato. Não há necessidade disso. A Polícia Federal possui recursos técnicos e humanos suficientes para investigar sem estardalhaço. Pode apurar sem meter torniquete na economia local.

O Acre é muito frágil do ponto de vista econômico e social. Não suporta medida cautelar que embarreire o setor mais dinâmico de nossa economia. A construção civil é a que mais emprega e distribui renda. E o faz de maneira verticalizada. Ou seja, ganha o Engenheiro PHD que desenvolve tecnologia de ponta para o setor, mas também ganha o peão iletrado que quebra concreto e/ou extrai areia no leito de um igarapé. Não pode parar. O empresário mais afortunado do setor não suporta 90 dias sem medir, faturar e receber para poder honrar compromissos. Como viverão então os trabalhadores sem renda nenhuma durante esse mesmo período?

É necessário que sejam pontuados para a autoridade judiciária que determinou a suspensão das atividades das empresas os graves impactos sócio-econômicos da mediada. Ela tem repercussão deletrearia que perpassa a empresa ou o empresário investigado, indo atingir um sem número de pessoas e outras empresas parceiras. O setor é imbricado, com intensa troca de serviços entre uma infinidade de empresas. Se derruba uma, joga-se por terra outras. Não entendo como razoável mirar o CNPJ. A empresa cumpre importante papel social. Emprega pessoas, contrata outras empresas, paga impostos, etc.

Não podemos nos olvidar da famigerada operação G7. Apesar da espetaculosa ação policial, ninguém foi condenado. Mas alguns morreram em decorrência dela. O efeito colateral não demorou. O Setor da Construção Civil, que era forte e pujante, minguou.

Tomara que as autoridades judiciárias ajam com prudência e temperança. Que investiguem tudo, mas que não impeçam nosso estado de seguir em frente, perseguindo como destino o progresso e o desenvolvimento social.