Ainda como parte das celebrações relacionadas ao Mês da Mulher, agora em março, o projeto resistência e ancestralidade promove um concurso para eleger a Miss Beleza Ancestral de 2023, do qual participam mulheres indígenas de várias etnias de todo o país. Uma das dez finalistas é a acreana Iris Maria Martins Freitas Kaxinawa, da etnia Huni Kuim.
Natural de Tarauacá, ela se apresenta como “uma pessoa completamente apaixonada pela natureza”. “Sempre viajo com minha família para sentir a paz espiritual [na floresta] e onde renovo minhas forças. Amo animais e amo comer são meus hobbies preferidos, assim como fazer atividade física como correr, jogar vôlei e ir para academia”, disse a candidata ao se apresentar na Plataforma Instagram, na qual a votação para a escolha da Miss acontece.
“Estou à disposição para ter a oportunidade de representar minha etnia e a nossa cultura no Miss Beleza Ancestral. Seria um enorme prazer e uma grande realização de sonho”, acrescentou a candidata.
A fundadora do Miss Beleza Ancestral é a advogada Bruna Carvalho Pataxó, da etnia que vive numa Terra Indígena da Bahia, da qual fazia parte o cacique Galdino José dos Santos Pataxo, que morreu ao ter o corpo incendiado por um grupo de rapazes num ponto de ônibus de Brasil, em abril de 1997.
De acordo com a fundadora do concurso, “o Miss Beleza Ancestral nasceu da união de mulheres indígenas que lutam por mais espaço e reconhecimento de suas lutas, de suas culturas e por um espaço na sociedade”. “O objetivo, segundo ela, é chamar a atenção à valorização da mulher Indígena, principalmente no mês de março, mês da mulher”.
Bruna Carvalho Pataxó diz que o Miss Beleza Ancestral procura mostrar a força e resistência das mulheres na luta pela existência dos povos indígenas.
“O papel da mulher Indígena não está apenas atribuído ao lar, mas na força de representativa, na luta diária, nos esforços de perpetuar a cultura e manter viva as tradições. É a mulher que traz consigo a coragem de lutar, a coragem de resistir, e dizer não ao pagamento das suas lutas”, disse. “O Miss Beleza Ancestral vem não apenas mostrar ao mundo a beleza das mulheres indígenas do nosso país, mas a força de cada uma delas. É uma forma de resistência, é uma forma de criar oportunidades para essas guerreiras muito esquecidas. Não é uma forma de julgar a beleza imposta por padrões estéticos, mas sim uma forma de dizer ao mundo que as mulheres indígenas existem e resistem. Lutar pelas causas indígenas é dever de toda a sociedade, é verdadeiramente descobrir o Brasil”, acrescentou.
A vencedora do Concurso será capa da revista Jurema e sairá também na segunda página do exemplar.