Feminicídio deixou mais de 100 crianças órfãs no Acre nos últimos anos
O Instituto Mulheres da Amazônia (IMA) publicou nesta segunda-feira (16) uma pesquisa que afirma que nos últimos quatro anos, o feminicídio, [assassinato praticado contra a mulher em decorrência do fato dela ser mulher], deixou mais de 100 órfãos no Acre. Segundo o IMA, os números foram colhidos a partir dos dados parciais do Observatório de Gênero do Ministério Público do Acre.
De acordo com o levantamento, a cada mês, o feminicídio deixou dois órfãos. Mas o IMA alerta: “esse número pode ser ainda maior”.
A pesquisa lembra que o Acre lidera o ranking de feminicídio proporcional segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O IMA expõe uma série de números preocupantes em relação ao crime.
“68% dos feminicídios ocorreram na residência da vítima, 88% dos feminicídas eram companheiros ou ex-companheiros e 68% das mulheres eram mães, dos casos entre os anos de 2018 e 2021”, diz trecho da publicação.
O IMA diz ainda sobre a forma com que os crimes são cometidos. De acordo com a pesquisa, 64% dos casos foram usados faca ou arma branca, 23% com arma de fogo e 12% por outros meios. Ainda segundo o instituto, a idade das vítimas varia entre 14 e 34 anos.
A publicação finaliza cobrando o Governo do Estado a implementação efetiva da Lei 4.065 de dezembro de 2022 que estabelece a Política Estadual de Proteção e Atenção Integral aos Órfãos de Feminicídio no Acre.
Casos que marcaram o Acre
Um dos casos mais conhecidos é o de Adriana Paulichen, de 23 anos, morta a golpes de facas e estrangulamento pelo marido em 2021, no bairro Estação Experimental.
O marido atingiu ela com pelo menos dois golpes de faca e depois teria dado um mata leão em Adriana que não resistiu e morreu. Ele confessou o crime. Os dois tinha um filho que na época tinha 1 ano e seis meses de idade.
Poucos dias depois, outro caso banal foi registrado. Desta vez, em Cruzeiro do Sul, interior do Acre. Kátia da Cruz, de 29 anos, foi morta a golpes de terçado, na frente dos filhos, pelo marido.
Kátia começou a ser agredida dentro de caso e foi arrastada até a rua, onde morreu. A Polícia Militar informou na época que quatro crianças estavam dentro da casa na hora do crime. Três eram filhos do casal. Segundo depoimentos, após cometer o crime, o marido “começou a rir”.