Embora sejam responsáveis por 11% do território destruído no ano passado, o que representa 1.130 km², os governos dos estados foram os que mais deixaram a devastação crescer em 2022, diz o relatório de dezembro do Sistema de Alertas de Desmatamento do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia – Imazon.
De acordo com o relatório, nos territórios estaduais houve um aumento de 11% no desmatamento em relação ao ano anterior, quando foram perdidos 1.014 km². Em relação à jurisdição das áreas desmatadas em 2022, 80% era de responsabilidade do governo federal, o que equivale a 8.443 km².
Nas áreas federais, a devastação teve alta de 2% em relação ao ano anterior, quando foram derrubados 8.291 km².
O restante do desmatamento ocorreu em áreas sem jurisdição (1.000 km²) e municipais (0,2 km²), que tiveram percentuais de 9% e 0,002% em relação ao total desmatado, respectivamente.
No Acre, embora tenha sido registrada queda no desmatamento em relação a 2021, na análise por jurisdição houve alta na derrubada em áreas estaduais. Isso ocorreu com Pará, Rondônia e Amapá.
“Isso mostra que os governos dos estados também precisam adotar ações de proteção à floresta, principalmente em relação às áreas protegidas que estão sob suas responsabilidades”, comenta Bianca Santos, pesquisadora do Imazon.
Segundo o monitoramento por satélite do Imazon, a Amazônia teve, em 2022, o quinto recorde anual consecutivo no desmatamento, Entre janeiro e dezembro, foram devastados 10.573 km², a maior destruição em 15 anos — desde que o instituto de pesquisa começou a monitorar a região, em 2008. Isso equivale à derrubada de quase 3 mil campos de futebol por dia de floresta.
Apenas em dezembro passado, a Amazônia perdeu 287 km² de floresta, um aumento de 105% em relação ao mesmo mês de 2021, quando foram devastados 140 km². Foi o mês que teve a maior alta do ano na derrubada. Com isso, 2022 também teve o pior dezembro desde 2008, quando o monitoramento do Imazon começou.
“No último mês do ano, houve uma corrida desenfreada para desmatar enquanto a porteira estava aberta para a boiada, para a especulação fundiária, para os garimpos ilegais e para o desmatamento em terras indígenas e unidades de conservação. Isso mostra o tamanho do desafio do novo governo”, comenta Carlos Souza Jr., coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia do instituto.
Em relação às áreas protegidas, as que estiveram em situação mais crítica em 2022 foram as unidades de conservação estaduais. Nesses territórios, a devastação passou de 690 km² em 2021 para 746 km² em 2022, uma alta de 8%.
Apesar de muito pressionadas, as unidades de conservação federais e as terras indígenas registraram queda de 8% e de 21%, respectivamente, na derrubada em 2022.
Porém, o desmatamento no ano passado foi o segundo maior em 10 anos nas unidades de conservação federais e o quarto maior da década nas áreas indígenas. Ou seja: a devastação seguiu em patamares altos nesses territórios.