O engenheiro de alimentos Paulo Eduardo Santoyo, sócio-proprietário das indústrias Dom Porquito e Acreaves, está na capa da revista Porcinews, publicação trilíngue (português, espanhol e inglês) do grupo Agrinews com sede em Barcelona, na Espanha.
Em sua edição eletrônica do dia 21 de julho e no seu canal do Youtube, a revista publica sua entrevista concedida em Lima, no Peru, onde Santoyo está solicitando autorização para exportar carne suína e bovina do Acre.
O empresário destaca os movimentos que vem adotando para consolidar um intercâmbio comercial entre as regiões Norte do Brasil e da Bolívia com a região Leste do Peru envolvendo os negócios de carnes, pescados e hortifruti.
Trata-se de uma solução bem promissora para gerar novos postos de trabalho na agricultura familiar na zona rural da Amazônia peruana e abrir um novo mercado para a exportação de carnes de Mato Grosso, Rondônia e Acre pela rodovia Transoceânica.
A iniciativa não é nova, já foi planejada e até iniciada de forma improvisada através dos governos do Acre e do Departamento de Ucayalli, mas pode-se dizer que pela primeira vez a proposta é executada por uma liderança do setor privado.
Com mais de 30 anos de experiência na indústria de alimentos, Paulo Santoyo é expert neste segmento e está se movimentando com muita persistência para consolidar este projeto ampliando o mercado da carne acreana e estreitando os laços comerciais com o país vizinho.
Santoyo só está aguardando uma autorização do governo peruano para iniciar o comércio de carne suína da Dom Porquito para a fabricação de linguiça no Peru e carne bovina através da Fisacre a preço mais competitivo do que a carne que os peruanos importam da Argentina e até do Canadá.
Tudo isso sem competir com a carne produzida pelos pequenos produtores familiares da zona rural peruana, já que eles vendem apenas carcaça de suínos e a Dom Porquito fornecerá cortes especiais como costela, paleta, bacon, bondiola e presunto.
“É válido ressaltar que esses cortes não concorrem com a produção da agricultura familiar, ou seja, são insumos necessários para a produção de linguiças e outros produtos que poderiam ser exportados pelo Peru. Pode-se afirmar que a entrada destes produtos do Acre ao Peru seria mais uma oportunidade para estimular o fluxo comercial pela Interoceânica e aproveitar o frete para os produtos que pudessem entrar do Peru para o Brasil”, observa Santoyo.
Ele lembra que o Estado do Acre é um grande produtor de carne suína e de aves, exportando quase tudo que produz, enquanto importa todo alimento que consome, tanto industrializados como vegetais, de São Paulo.
“Os alimentos percorrem mais de 3 mil km de São Paulo ao Acre enquanto Porto Maldonado está a apenas 576 km de Rio Branco. Uma oportunidade comercial que vem sendo negligenciada pelos dois países”, afirma.
Nesse sentido, o Peru terá um novo mercado para exportação de produtos como alho, cebola, tomate, azeitona, grãos andinos (quinoa), queijos, bebidas (pisco e vinho) e artesanatos destinados ao Acre e até Rondônia e Mato Grosso, estados vizinhos e que correspondem a mais de 7 milhões de habitantes.
“A Interoceânica em seu trecho 5 percorre as regiões de Arequipa, Moquegua e Puno e em seu trecho 1 as regiões de Ica, Ayacucho, Apurímac e Cusco que (com exceção de Ica) são regiões onde se desenvolve a agricultura familiar. Esses produtores peruanos têm uma oportunidade de mercado no Brasil , que pode contribuir para o desenvolvimento da agricultura familiar e uma injeção de recursos para essas famílias”.
Em suma, para atingir este objetivo, é necessário o apoio de aliados estratégicos da área estatal, além do setor privado peruano para apoio no planejamento, organização e logística que permitam o acesso ao mercado .
“Pode-se afirmar que a entrada de produtos do Brasil para o Peru seria mais uma oportunidade para dinamizar o fluxo comercial pela Interoceânica e aproveitar o frete para os produtos que pudessem entrar do Peru para o Brasil”, conclui.