Guias de turismo buscam valorização da profissão face ao crescimento da atividade no pós-pandemia

Após a quase paralização em função da pandemia, o turismo tem sido uma das atividades que apresentou os melhores índices de recuperação. Segundo dado da ABAV (Associação Brasileira de Viagens), o setor de hospedagem cresceu 53% no último ano. Os parques nacionais brasileiros, por exemplo, tiveram um aumento de 56% no número de visitantes.

O aumento do turismo no pós-pandemia era algo esperado. Após cerca de dois anos de isolamento domiciliar, é natural que as pessoas no mundo todo busquem viajar, especialmente para ambientes abertos e de contato com a natureza.
Parte deste fluxo já está beneficiando a atividade no estado do Acre, com o aumento da visitação às aldeias, parques e trilhas.

De olho neste crescimento o SINGTUR, sindicato que representa a categoria dos guias de turismo no estado está buscando formas de valorizar a atividade, que já possui regulamentação profissional própria.
Uma das pautas discutidas pelo sindicato na reunião que ocorreu nesta quinta, 28, no espaço do Hostel Vivacre em Rio Branco, foi estabelecer uma tabela dos serviços para o estado.
“O pós-pandemia nos obriga a nos unir por nossa sobrevivência profissional. Existem hoje no estado mais de 40 profissionais formados, mas apenas 18 estão registrados no cadastro nacional de turismo. Hoje existem guias em Rio Branco, Cruzeiro do Sul, Porto Acre, e Xapuri. Então é importante trazer para o sindicato essas pessoas que ainda não estão cadastradas”, explica Ana Cunha, guia de turismo e membro do sindicato dos guias.

“Nossa principal pauta é reorganizar o sindicato. Embora a atividade no estado e Brasil esteve parada em função da pandemia, agora estamos cheios de sonhos de reorganizar, já que o turismo está em crescimento. Precisamos reorganizar o setor para dar visibilidade à classe”, disse Vera Lucia da Silva Santos, bacharel em turismo e guia.
Parte da importância deste profissional de guia de turismo se dá junto à população do estado, preparando-a melhor na recepção a esse turista.
“Nós guias podemos conscientizar a população do estado de que tem turismo no Acre, que existem atrativos prontos para mostrar ao turista, pacotes que podem ser agregados tanto na capital assim como no Vale do Juruá e demais cidades”, disse Adalgisa Bandeira, mestre em turismo pela UNB.

Ester Araújo, presidente do sindicato

Segundo a presidente do sindicato Ester Araújo, a formalização de uma tabela de preços do serviço seria um primeiro passo para a valorização deste profissional.

“No pós-pandemia houve um aumento de interesse das pessoas em querer passear, viajar, ter qualidade vida, com foco no bem-estar e a partir disso essa área tem crescido bastante, trazendo prosperidade para as diferentes regiões do estado. O sindicato estava parado e agora queremos organizar, estruturar e regularizar essa atividade que engloba uma cadeia grande que inicia nos aeroportos, transporte, hotéis e comunidades do Acre. Por isso queremos fortalecer, fazer tabela de preço. Queremos um preço justo tanto para o operador que contrata nossos serviços quanto para o guia, buscando essa valorização do profissional a partir desta tabela de preços”, explica.

Tendo o vale do Juruá como uma referência neste crescimento do turismo, o sindicato planeja estender suas atividades também para a região.
“No Juruá é muito forte o turismo, tem o Croa, as aldeias estão mais próximas. Temos pessoas ligadas ao sindicato na região. Estando unificados a gente pode até cobrar mais apoio do governo e políticas públicas para essa área, desenvolvendo cada vez mais este setor”, concluiu Ester Araújo, presidente do sindicato.