Em nova ação de monitoramento territorial da Aldeia Apiwtxa, entre os dias 2 e 4 de fevereiro, foi encontrado um caçador invadindo a Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, além de caminhos abertos e rastros de outros caçadores, como carcaça de animais mortos. A ação foi ao longo do Rio Arara, onde a TI faz divisa com a Reserva Extrativista Alto Rio Juruá, em Marechal Thaumaturgo, com participação de 14 membros da Aldeia Apiwtxa.
Komãyari Asheninka, que liderou a expedição, explica que a comitiva encontrou o caçador retornando a um acampamento na beira do rio, carregando uma espingarda e um saco com três macacos mortos. “O senhor que encontramos tem cerca de 60 anos, e ele veio por um caminho que vem da sua comunidade, Pintada, dentro da Resex. Ele nos informou que faz muito tempo que usa esse caminho entrando no Rio Arara”, explica Komãyari.
O caçador ilegal encontrado foi aconselhado a não mais realizar essa invasão, e foi explicado a ele sobre os limites do território e do prejuízo que essa atividade vem prejudicando para a comunidade e para a fauna. Os vestígios de invasão em território Ashaninka, ao longo do Rio Arara, são constantes, sendo sempre reportados para o Exército Brasileiro e a Fundação Nacional do Índio (Funai).
Wewito Piyãko, presidente da Associação Apiwtxa, explica que o grupo de monitoramento da Apiwtxa é formado pelos agentes agroflorestais, com apoio das famílias e lideranças da comunidade. As expedições são feitas, em média, a cada três meses, mas se houver indícios de atividades ilegais ao longo das fronteiras, a vigilância passa a ser mais constante. “Quando alguns de nossos caçadores percebem alguma movimentação ou vestígio ao longo do nosso território, é nos avisado e montamos uma expedição para aquela área específica. Algumas vezes convidamos o Exército, que é um parceiro na vigilância da fronteira”, afirma.
A atividade de monitoramento da Aldeia Apiwtxa é apoiada pelo programa Nossas Futuras Florestas – Amazônia Verde, uma iniciativa da Conservação Internacional (CI Brasil), em parceria com o governo da França. O projeto Nossas Futuras Florestas – Amazônia Verde está trabalhando para conservar até 12% da Amazônia (cerca de 73 milhões de hectares) até 2025. Apoiado pelo governo francês, o projeto é uma das prioridades de conservação da Aliança para a Proteção das Florestas Tropicais, uma iniciativa para a proteção, restauração e manejo sustentável das florestas tropicais.