A servidora pública Michele Queiroz, que é mulher trans, denunciou que foi alvo de agressões físicas e transfobia na madrugada do último domingo (4), no Mercado do Bosque, em Rio Branco. O alvo das acusações é o assistente social e militante LGBTQIA+, Carlos Gomes, ex-candidato à prefeitura de Rio Branco. O ativista confirmou a confusão, mas disse que que levou um tapa de Michele e se defendeu.
O caso ocorreu por volta das 4h de domingo. Michele contou ao g1 que já estava saindo do mercado quando passou por Gomes e ele cuspiu nela. A servidora então disse que foi até ele questionar o motivo da atitude e começou a ser agredida com murros e socos.
“Ele já veio com as agressões, com socos, totalmente violento, transtornado, fora de si. Só não me machucou mais, porque as pessoas que estavam lá não deixaram. Muita gente se meteu na hora pra me defender, mas em dado momento, ele conseguiu me derrubar e, não satisfeito, chutou meu quadril e saiu correndo, de forma covarde”, contou.
Michele disse que ainda na madrugada esteve na delegacia e registrou o boletim de ocorrência. Ela informou que há muito tempo, eles tinham tido uma discussão pela Internet, mas que a situação tinha sido resolvida, tanto que em outros momentos chegaram a se encontrar pela cidade e até se cumprimentar. Sobre o que pode ter motivado as agressões, ela disse que só consegue pensar que foi ódio gratuito.
“Não consigo achar explicação para isso. Foi um ódio gratuito da parte dele. Realmente não sei porque tanta raiva, eu creio que seja porque ele tem aversão à figura feminina, ele foi misógino, transfóbico total. Espero justiça, porque se nós formos brigar com todo mundo que a gente não simpatiza ou que a gente tem aversão, vamos chegar a uma barbárie. Então, a justiça tem que ser feita, tem que parar esse tipo de gente. Temos que viver num mundo civilizado e não na barbárie.”
Em nota, Gomes contou que levou um tapa de Michele enquanto passava pelo Mercado do Bosque e que retornou para questionar o motivo. Ele disse que houve um princípio de confusão e “apenas” se defendeu.
“Registrei um boletim de ocorrência e estou com advogado acompanhando o caso na busca dos meus direitos. Não me omiti e nem fugi das minhas responsabilidades, registrei um boletim de ocorrência sobre o fato e já fui ouvido pela polícia. Sem mais, reafirmo meu total repúdio a quaisquer formas de discriminação a orientação sexual e identidade de gênero. E refuto essa narrativa fantasiosa. Em tempo, ao final do processo me manifestarei, antes, todavia, irei buscar na justiça a reparação devida”, disse.
O caso está sendo investigado pela delegacia da 1ª Regional. Segundo o delegado Judson Barros, responsável pelo caso, os dois envolvidos registraram boletim de ocorrência, um acusando o outro de agressões.
Como não há imagens do local onde ocorreu a confusão, o delegado disse que o relato das testemunhas deve ser essencial para conclusão do inquérito.
“Já ouvi os dois e agora estou aguardando a vinda das testemunhas apresentadas por eles. Houve uma agressão, uma briga entre as partes, um alega que foi agredido pelo outro, tanto que os dois fizeram boletim de ocorrência. Não foi filmado o momento, não tem câmeras no local e agora precisamos ouvir as testemunhas”, informou o delegado.
O Ministério Público do Estado do Acre (MPAC) informou que Michelle Queiroz foi amparada pelo Centro de Atendimento à Vítima (CAV), que prestou todo o apoio e orientação e a encaminhou à 1ª Delegacia de Polícia Civil.
“O órgão auxiliar vai acompanhar a investigação do caso, até a conclusão do inquérito policial, sob a condução do delegado Judson Barros”, destaca a nota.