Sem rampa de acesso no principal porto de Cruzeiro do Sul, no interior do Acre, professores da Escola Visconde do Rio Branco, da Comunidade Olivença, zona rural da cidade, precisaram ‘escalar’ o barranco para chegar à rua. O grupo voltava de um planejamento no colégio nessa quarta-feira (12) quando começou a chover.
Para mostrar a situação, o professor Samuel Melo gravou um vídeo mostrando os colegas tentando subir o barranco.
“Essa é a realidade dos professores da [escola] Visconde. Saímos da escola e quando chegamos ao porto para subir e ir para casa foi nessa situação. Ainda falam que a gente não está fazendo nada, está só brincando em casa, que não está trabalhando, mas essa é a realidade que estamos vivendo. Olha só a dificuldade para subir o porto do governo”, criticou.
A rampa de acesso foi levada pelas águas do Rio Juruá, quando o manancial começou a vazar. O porto começou a desabar e ameaça levar também os galpões do principal porto do município, que fica no bairro Remanso.
No final do mês de abril, uma equipe da Rede Amazônica Acre esteve no local e mostrou que a erosão já vinha comprometendo toda a estrutura do porto. Na época, o Departamento de Estradas de Rodagem, Infraestrutura Hidroviária e Aeroportuária do Acre (Deracre) informou que uma nova rampa ia ser construída no local.
Contudo, até esta quinta-feira (13), os trabalhos de construção dessa rampa ainda não iniciaram. Ao G1, o gerente do Deracre no município, Luciano Oliveira, afirmou que as equipes estão trabalhando para remover os dois galpões. Só após essa remoção que a rampa vai ser construída.
“Infelizmente estamos falando de uma obra às margens do rio, que ultimamente quebrou bastante. Agora , antes de fazer a rampa, vamos remover dois galpões antes de desabarem. A gente precisava de um ofício, que saiu agora, e vamos fazer a derrubada. Acredito que leva ainda uns 15 a 20 dias para terminar”, argumentou.
Subida na lama
A coordenadora da escola, professora Micherlene Rodrigues, estava no grupo que subiu o barranco. Ela aparece no vídeo sendo auxiliada pelo marido de uma colega para conseguir chegar à rua. Além de ser muito íngreme, o barranco tem muita lama.
“Fomos fazer um planejamento para iniciar o ano letivo, fazendo sequências e preparando tudo para os alunos. Essa área do porto desabou e já está bem difícil o acesso. A gente vai e volta de canoa. Não é a primeira vez que a gente sobe assim, mas, para mim, foi o dia mais difícil. Dependendo da demanda, vamos umas três vezes por semana na escola, vamos atrás de alunos e temos que subir assim”, contou.
Com informações do G1 Acre.