Meses após a morte do médico oftalmologista Laurence Huamani Alvarez, de 51 anos, a Secretaria de Saúde do estado (Sesacre) informou que ele está entre os três pacientes que foram diagnosticados com as novas variantes do coronavírus.
Ele foi infectado pela variante P.2, segundo a Saúde, sentiu os sintomas em 8 de dezembro do ano passado, procurou a unidade hospitalar em 21 de dezembro e foi acompanhado na enfermaria, mas morreu no dia 26 de janeiro deste ano por complicações da Covid-19 depois de ter ficado com trombose.
Há três dias, a Sesacre que o estado já tem casos confirmados das novas variantes brasileiras do coronavírus, P1 e P2. Os casos da P.1 foram registrados em Rodrigues Alves e Santa Rosa do Purus, no interior do Acre.
O coordenador do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde, Marcos Malveira, diz que as unidades de saúde têm indicado quais os pacientes estão mais graves.
“Essas amostras são coletadas para o Lacen, que faz a separação, o processo de investigação, pegamos informações e enviamos para o Evandro Chagas, onde fazem o sequenciamento genético dessas amostras e nos informam posteriormente”, explica.
Ele destaca ainda que os casos da variante P.1, por exemplo, são considerados de atenção pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
“Ou seja, temos que informar toda vez ao Ministério da Saúde e eles passam para a OMS. Já a P.2 é uma variante de interesse, não tem tanta gravidade quanto a P.1, mas, mesmo assim, a gente tem a obrigação de informar.”
Além dos três casos de mutações do novo coronavírus que já foram identificadas no Acre, a Saúde ainda aguarda o resultado de outras 45 amostras enviadas ao Instituto Evandro Chagas.
“Como o instituto é referência para a região norte essas amostras entram numa fila. então depende muito do tempo e do prazo que eles têm. a gente espera que no prazo de 30 a 60 dias a gente receba o resultado do restante das amostras”, finaliza.
Complicações da Covid
Alvarez teve Covid, foi curado da doença, mas as complicações surgiram, ele chegou a amputar a perna direita e morreu por causa das complicações da doença, segundo a mulher.
Na época do óbito, a esposa do médico, a enfermeira Ivanez Queiroz contou que o marido não tinha comorbidades e começou a sentir os sintomas dia 19 de dezembro do ano passado. Dia 21 ele foi para o Hospital do Juruá porque não estava saturando bem. Desde então, ele ficou internado, passou uma semana na enfermaria Covid, depois foi para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com 85% dos pulmões comprometidos, onde também passou uma semana. Ele não chegou a ser entubado neste período.
Depois de uma semana na UTI, ele recebeu alta e voltou para a enfermaria, onde ele fez exame e foi diagnosticado que ele já estava curado da doença, porém, continuou no hospital porque estava sendo acompanhado pela cardiologista.
“Estava sendo acompanhado porque começou com umas dores nas pernas e depois disso a doutora solicitou um dopller e foi identificado que tinha um trombo na artéria da perna direita, e depois dai foram aumentando as complicações”, contou a enfermeira.
Depois de uma semana de identificar a trombose, o médico precisou amputar a perna direita abaixo do joelho. A esposa ainda contou que tinha sido identificado outro trombo na perna esquerda e se ele tivesse sobrevivido, ficaria sem as duas pernas.
Pedido especial
Ivanez contou que durante a madrugada Alvarez mandou uma mensagem para um amigo e fez o pedido especial que foi prontamente atendido.
“Ele não voou, ele passou uma mensagem para o seu amigo Luciano para sobrevoar sobre o hospital, para ele ouvir o som do avião. Ele não estava em voo porque não tinha condições para isso. Foi o último pedido dele”, relembra.
O voo foi feito algumas horas antes de ser registrado o óbito. Ainda abalada com a perda, a esposa diz que vai ser difícil seguir em frente.
“Laurence só tenho que falar coisas boas dele, um grande homem, pessoa muito humilde, muito bondoso, autêntico e vivia tudo com muita intensidade. Ele amava muito os filhos, foi um grande esposo. Vai ser difícil prosseguir sem ele, porque tudo que fazíamos era junto, acompanhava ele nas cirurgias, nos atendimentos. Então, ele era muito família, muito amigo e gostava muito de aviação”, relembra.
O médico de origem peruana, estava no Acre há 23 anos e já era naturalizado brasileiro.
- Fonte: G1 Acre.