Enfermeira retrata a dor e dificuldade em ter a própria mãe como paciente de Covid-19

Atuando na linha de frente do combate a Covid-19, a enfermeira do Guajará (AM), Luciana Braga, fez um relato emocionado ao Juruá em Tempo sobre como foi ter a própria mãe como paciente de Covid-19.

“Como enfermeira eu já passei por muitos momentos difíceis com meus pacientes, alguns se recuperaram, outros não e outros ainda estão lutando bravamente pela vida. Mas, esses dias eu experimentei a outra face: ser filha de alguém que precisaria de cuidados, cuidados estes que dispenso aos meus pacientes todos os dias, mas vi meu mundo desabar diante dessa realidade , me senti impotente, ‘burra’, sem prática, me vi em total desespero”, desabafou a profissional, que disse ter tido dificuldades em separar a razão da emoção, diante a situação de adoencimento da própria mãe.

Em seu relato, Luciana conta que com a mãe sendo a paciente, ela não conseguia agir de maneira racional. “Era mais forte que eu . Então, Deus preparou tudo, cada detalhe , me colocou junto de pessoas iluminadas que foram meu ‘cérebro’ e minhas ‘mãos’ nesse momento . Voltamos para casa juntas , como sempre foi e sempre será”, disse.

Após a difícil experiência, Luciana chegou a conclusão de que a vida é breve e é pra ser vivida com afeto. “Peço a Deus que muitas famílias também tenham essa oportunidade, a oportunidade de se amarem um pouco mais, a oportunidade de compreender que a vida vale mais e é preciosa demais para perdermos tempo nos odiando, nos maltratando e sofrendo, oportunidade de amarmos mais”.

Em nota, a mãe da enfermeira, Isla Maria Ferreira da Silva, agradeceu a equipe do Hospital do Guajará pelo acolhimento e tratamento. “Quando se reúne uma equipe competente é quase certo que os frutos valerão a pena ser colhidos. Mas, vocês superaram todas as expectativas e foram ainda mais longe que o previsto”, afirmou.