A imunização dos povos indígenas na Amazônia é um verdadeiro desafio para os vacinadores. O Distrito Sanitário Especial Indígena Alto Rio Purus (Dsei-ARP) abrange sete municípios, sendo quatro do Acre (Assis Brasil, Manoel Urbano, Santa Rosa do Purus e Sena Madureira), dois do Amazonas (Boca do Acre e Pauini), além de Porto Velho, capital de Rondônia.
No total, o Dsei-ARP conta com 12.127 indígenas, divididos em 146 aldeias, sendo que 2.472 já receberam a primeira dose da vacina e 928 a segunda.
Com uma logística desafiadora, os vacinadores passam de 15 a 30 dias nas aldeias, indo de casa em casa, pois, além da vacinação, também realizam atendimentos médicos, de enfermagem e odontológicos.
A labuta dos vacinadores já começa por uma longa viagem de carro até o município de Manoel Urbano, de onde prosseguem por meio de barcos ou aviões de pequeno porte. Chegando às localidades, sobem barrancos e enfrentam água até a cintura, além de chuva e sol.
Armazenamento das doses
De acordo com a responsável técnica do Programa de Imunização do Distrito, Cleide Matos, “as doses são transportadas em caixas térmicas, com termômetro digital para monitorar a temperatura dos imunobiológicos, com intuito de garantir a qualidade das doses”.
Dificuldades
Segundo Cleide, um dos maiores obstáculos hoje encontrado pelo departamento é referente à migração de indígenas entre municípios e até países vizinhos, principalmente o Peru.
“Também há dificuldade de acesso em algumas aldeias, devido às especificidades do clima da região Norte, principalmente durante o inverno amazônico”.
Fake News
Outro percalço enfrentado pelos vacinadores é a disseminação de fake news sobre a eficácia e efeitos da vacina contra a Covid-19. Por isso, muitos indígenas se recusam a “pegar a vacina”, expressão popular das aldeias.
“Temos todo apoio do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi), que realiza visitas a aldeias onde há recusa por parte de indígenas. As equipes realizam palestras para conscientizá-los quanto à importância da vacinação”, explica Cleide.