‘Reconhece minha voz’
Tião não é o único jacaré a habitar o lago que fica no bairro da capital, mas Aldecino garante que consegue reconhecê-lo. Além disso, o animal, em época de seca, costuma ir para um igarapé próximo à região e sumir por alguns meses.
“Ele é o maior do lago, por isso reconheço e também quando eu chego e chamo pelo nome, ele reconhece minha voz, só de chegar e chamar ele vem”, conta.
Mesmo com essa amizade, o professor diz que respeita o bicho e que não indica que outras pessoas se aproximem tanto dele.
“Até eu tenho medo de encostar muito, porque tem instinto, é animal, por mais que seja mais manso comigo, ainda é perigoso. Agora passar a mão, fazer carinho, eu faço”.
‘Respeito’
A bióloga Joseline Guimarães diz que realmente o jacaré é capaz de reconhecer o professor devido a esse contato durante os anos.
“Esta interação entre o professor e o jacaré é um treinamento usado para facilitar o manuseio do animal, provavelmente ele vai no mesmo horário, faz algum estímulo sonoro (chama o jacaré ou mexe na água) e em determinado local oferta o alimento. Com isso, ele condiciona o animal a estar no mesmo lugar para receber sua recompensa (alimento). Pela fotografia, observa-se que o jacaré está muito bem alimentado”, conta.
O Tião, segundo Joseline, é um jacaré-tinga, encontrado na América Central e do Sul, não ameaçada de extinção. “Habita riachos, lagos, pântanos, rios, lagoas, canais e estuários de água doce. A reprodução é ovípara e chega a colocar até 40 ovos. O animal ode chegar até 2,5 m de comprimento.”
A bióloga diz ainda que esse contato entre os dois serve de exemplo de como é possível respeitar a natureza e interagir com as espécies sem danos ao meio ambiente ou sem invadir o espaço do bicho.
“Demonstra que podemos coexistir com a fauna amazônica, com respeito a biologia e ao comportamento dos ecossistemas, sem alterações”, destaca.
O professor completa dizendo que achou legal a repercussão das imagens porque é uma forma de levantar a discussão sobre o respeito à natureza e aos animais sem precisar destruí-los.
“Graças a Deus nunca aconteceu nenhum acidente. Eu acho que, se isso valer como uma janela para se ver que a natureza tem que ser respeitada e que os animais precisam ser respeitados, é positivo. É uma forma de demonstrar que a gente pode conviver muito bem e que os animais são dóceis desde que sejamos dóceis com eles. Acho bacana a repercussão e não vejo maldade, vejo até como uma forma educativa”, finaliza.
- Por Tácita Muniz, G1 AC.