Manaus: mulher perde a mãe e não consegue enterrá-la por falta de funerária

A operadora de caixa Lídia Nascimento Ribeiro está enfrentando dificuldades para liberar o corpo da mãe, que morreu em consequência de complicações causadas pela Covid-19, no Serviço de Pronto-Atendimento (SPA) Danilo Correia, em Manaus, nesta quinta-feira (15). Além de tudo, ela precisa se preocupar com a falta de oxigênio para o pai, que está internado e precisa revezar o gás com outro paciente.

“Tem muita gente morrendo, não tem funerária suficiente, tem muita gente morta. Só tem funerária amanhã”, lamentou. Além da mãe, ela também perdeu a tia, que morreu de Covid-19 no Hospital Platão Araújo.

O pai de Lídia também está internado no Hospital Platão Araújo. Segundo o pastor Valquimar Alves Batista, que está acompanhando a situação com a família, o paciente só conseguiu ser internado depois que a família aceitou uma condição – ele precisa revezar o uso de oxigênio.

“Nós rodamos de 21h até 6h para conseguir um leito para o irmão Francisco, pai da Lídia. No quinto hospital o aceitaram, perguntando se nós aceitávamos a condição que era ele dividir oxigênio com outra pessoa de dez em dez minutos. E nos aceitamos”, disse.

“O meu pai está sofrendo lá no Platão [Araújo], porque não tem oxigênio, não tem medicação, não tem antibiótico para ajudar ele, que o pulmão dele está comprometido. Não tem leito, ele está na maca, no corredor, como tem muitos, que às vezes está na cadeira de rodas”, disse Lídia. “Os médicos dizem ‘não posso fazer nada’, a culpa é do governo. E realmente, não tem condições, e muita gente está morrendo por causa disso”.

G1 questionou a Secretaria da Saúde sobre a situação . Em nota, o órgão não comenta o revezamento do oxigênio, mas admite que as unidades de saúde estão operando com limitação de oxigênio e adotaram um “novo protocolo para o uso racional” do gás. Ainda no texto, a Secretaria informa que “orienta as unidades de saúde sobre a quantidade segura do uso de oxigênio para cada perfil de paciente”.

Fonte: G1.