A pesquisadora brasileira Maria Lúcia Possa foi uma das primeiras pessoas a receber uma das duas doses da vacina desenvolvida pela Pfizer e pela BioNtech, no Reino Unido, nesta terça-feira (8).
“Hoje é o primeiro dia, mas acho que a coisa mais importante é que tem luz no fim do túnel”, disse Possa.
“Eu estou cansada, está todo mundo cansado — da doença, de ficar em casa, de todas essas restrições”, disse a pesquisadora em entrevista à GloboNews. “Mas agora, finalmente, temos essa luzinha e eu sou a prova”.
Possa contou que estava de folga quando um colega de trabalho falou para ela checar seu e-mail. Isso porque alguns dos funcionários do Hospital Universitário Royal Free seriam também vacinados nesta primeira fase da campanha.
O plano de vacinação do Reino Unido dividiu as pessoas em grupos. O primeiro, que começou a ser vacinado nesta terça-feira, inclui profissionais da saúde, pacientes idosos pessoas dos grupos de risco.
“Como eu trabalho no sistema de saúde e sou do grupo de risco, por causa de um transplante de rins, eu fui uma das primeiras a ser chamada”, explicou Possa.
Ela disse que depois que tomar a segunda dose da vacina, que já está marcada para ser aplicada em 5 de janeiro de 2021, pretende voltar ao Brasil para o aniversário de sua mãe, que vai completar 100 anos.
‘Confia na ciência’
A pesquisadora ressaltou a importância da ciência para a produção de um imunizante em tempo recorde. Segundo ela, a única coisa que pode acontecer é uma leve dor no braço e sintomas fracos de gripe, o que é considerado normal.
“Se te oferecerem [a vacina], toma”, disse a Possa. “Eu quero a minha liberdade de volta, com a paz e segurança de que não vou infectar ninguém”, disse.
Segundo ela, a injeção “dói menos que a vacina da gripe”. A única diferença, explicou, é que a seringa é mais longa e demora mais para depositar toda a dose da imunização, em comparação com a vacina da gripe.
Primeira vacinação em massa
Os países do Reino Unido são os primeiros que começaram a vacinação em massa de sua população. Na primeira leva, cerca de 400 mil pessoas receberão duas doses cada — a vacina é administrada em duas injeções, com 21 dias de intervalo entre elas.
Após a primeira dose já há alguma imunização, mas o efeito total é verificado sete dias após a segunda dose.
A vacina adotada pelo Reino Unido é a desenvolvida pela farmacêutica norte-americana Pfizer e pelo laboratório alemão BioNTech. Elas foram distribuídas em cerca de 70 hospitais do país.
Essa vacina precisa ser mantida a uma temperatura muito baixa (-70°C), e, por isso, a campanha será feita em hospitais.
A vacinação não é obrigatória no país.
Margaret Keenan, britânica de 90 anos, tornou-se a primeira pessoa a ser vacinada contra a Covid-19 nesta terça-feira.