Manaus bateu o recorde de internações diárias por Covid-19 nesta terça-feira (29), desde o início da pandemia. Foram 112 novas hospitalizações, número mais alto registrado no estado, mesmo com o colapso na rede de saúde, vivido entre abril e maio.
Os dados são do boletim epidemiológico divulgado pela Fundação de Vigilância e Saúde (FVS-AM). Nesta terça, 1.447 novos casos foram confirmados, e 15 mortes foram registradas nas últimas 24 horas. Ao todo, mais de 700 pessoas encontram-se internadas.
A última vez que a capital amazonense registrou mais de 100 internações pela doença foi no dia 4 de maio. Naquele dia, segundo os órgãos oficiais de saúde, foram 105 internações. Na época, a cidade vivia o pico da pandemia, com colapsos no sistema de saúde e funerário.
No domingo (27), a capital já havia registrado um recorde dos últimos 7 meses de novos hospitalizados com Covid-19: foram 88 novos registros de pessoas internadas. Com o número, o Governo do Amazonas informou que a taxa de ocupação do hospital referência para tratamento da doença, Hospital Delphina Aziz, se aproxima de 100%.
Nesta terça-feira (29), por causa do grande aumento de casos de Covid-19 em Manaus, dois hospitais montaram tendas externas para triagem de pacientes. O objetivo das estruturas montadas nos prontos-socorros 28 de Agosto e Platão Araújo é melhorar o fluxo e agilizar o atendimento nos casos de urgência.
Manaus registrou um aumento de 28,9% no número de internações por Covid-19 em dezembro. Nos primeiros 26 dias de dezembro, foram mais 884 pessoas hospitalizadas com a doença. No mesmo período de novembro, o número de novos internados foi de 686 – chegando ao total de 805 no 30º dia do mês.
As manifestações na cidade levaram Lima a convocar uma reunião de emergência com empresários e revogar parte do decreto ainda na madrugada do domingo (27). O texto, que permitiu a retomada de algumas atividades, como o comércio de rua e shoppings centers, entrou em vigor já na segunda-feira (28).
Para o pesquisador da Fiocruz, Jesem Orellana, a medida foi humanitária, mas pode causar um agravamento na crise pandemica no estado.
“O retorno dessas atividades é muito mais um retorno do ponto de vista humanitário, do que do ponto de vista sanitário. Não pôde ser baseado em critérios sanitários e nem epidemiológicos. Só tem a explicação econômica e de sobrevivência desse segmento”, declarou, na época.