26.6 C
Juruá
quarta-feira, novembro 27, 2024

Ponte sobre o Rio Madeira é promessa para fortalecer o desenvolvimento econômico do Acre

Por

- Publicidade -

Quem já precisou atravessar de balsa sobre os rios Madeira e Abunã, em Rondônia, sabem o quanto é difícil e cansativo esperar. É ainda pior em época de feriadão, quando os turistas se multiplicam na BR-364 rumo aos parques e balneários rondonienses. Até quem nunca precisou atravessar, de certo, já ouviu falar muito desse serviço.

Além de caro e demorado, a viagem dos acreanos ou de quem pretende viajar para o Acre por terra é atrasada em pelo menos 40 minutos. E em dias de pico, a espera pelo embarque na balsa pode passar de 2 horas. Sofrimento e espera que custam caro no bolso dos trabalhadores ou das famílias que necessitam da travessia.

Fruto da luta antiga da bancada federal do Acre, a construção da ponte sobre o rio Madeira, na região do Distrito do Abunã, em Porto Velho, enfim se aproxima da efetiva realidade. Apesar de estar em obras desde o governo Dilma Rousseff, a edificação deve ser entregue na segunda semana de dezembro, com a presença do presidente Jair Bolsonaro.

A ponte representa não apenas a ligação efetivamente por terra Rondônia e o restante do país, mas também a oportunidade de se ver, no lado direito do rio, o sonhado desenvolvimento dos distritos “quase esquecidos” que cresceram próximos à divisa com o Acre e para onde, não diferente do território acreano, tudo se tornou mais caro e difícil de chegar.

A garantia de entrega para dezembro deste ano foi dada, pessoalmente, pelo ministro da Infraestrutura Tarcísio Gomes, na sexta-feira, dia 02, durante visita técnica às obras da ponte. A execução do serviço está em 95%, bastando apenas que o trecho da cabeceira esquerda do rio tenha as obras de pavimentação finalizadas.

A obra agora em fase de finalização tem cerca de 400 metros, e diz respeito ao perímetro em que os veículos passarão. Em 2014, durante a cheia histórica do rio Madeira, a área onde originalmente acabaria a ponte (no chamado lado de Rondônia) ficou completamente submerso, obrigado uma alteração no projeto inicial da ponte.

Desde então, a captação financeira e os recursos destinados estão focados neste espaço final, já na saída sentido Distrito do Abunã. De sol a sol, operários trabalham para finalizar os serviços que rotineiramente são fiscalizados por técnicos do Ministério da Infraestrutura e do Dnit, e ainda por parlamentares e representantes de classe interessados no fechamento da obra.

O lema é: Todos por um, todos pelo Acre

O ministro Tarcísio Gomes destacou que apesar de a ponte estar em Rondônia, quem mais ganha com a obra é a população acreana. O ministro destacou que já está sendo feita a última parte da concretagem de uma galeria pensada para o local, e que o aterra feito na área da obra também está sendo terminado.

“Ainda neste mês de outubro começaremos a asfaltar esse trecho. Estamos concretando a parte da estrutura que falta para interligar a ponte. Concluindo o aterro até início de novembro, o que faltará é a estrutura de concreto e o CBUQ, que é o asfalto mesmo da ponte. Nossa previsão é de que, em dezembro, possamos inaugurar esta importante obra”, avaliou.

odair leal

Segundo Gomes, “embora esteja localizada em Rondônia, atende majoritariamente o Acre e proporciona a integração [terrestre] do estado com o restante do Brasil”. O pensamento do membro do governo Bolsonaro vai de encontro com o que disse o governador Gladson Cameli, que destacou a conexão econômica definitiva, por terra, possibilitando a utilização do Oceano Pacífico, passando pelo Acre.

“Como sempre costumo falar, aqui está sendo construído o segundo canal do Panamá. A ponte sobre o rio Madeira representa a união dos oceanos Pacífico e Atlântico. Além disso, o Acre será integrado com os demais estados. Tenho a certeza que esta importante obra nos trará inúmeros benefícios e vamos trabalhar para que o nosso estado aproveite ao máximo as oportunidades para crescer ainda mais”, argumentou Gladson.

Como uma das bandeiras levantadas ainda na campanha eleitoral, Cameli tem destacado o interesse em gerar emprego e garantir renda às famílias acreana. Seja pelo turismo, ou pelo comércio de bens ou serviços, o governador acreano tem reiterado o desejo em desenvolver o estado de forma sustentável e explorando, os potenciais econômicos da região.

“Como sempre costumo falar, aqui está sendo construído o segundo canal do Panamá. A ponte sobre o rio Madeira representa a união dos oceanos Pacífico e Atlântico. Além disso, o Acre será integrado com os demais estados. Tenho a certeza que esta importante obra nos trará inúmeros benefícios e vamos trabalhar para que o nosso estado aproveite ao máximo as oportunidades para crescer ainda mais”, destacou Gladson.

Esperança no amanhã

O empresário Mathias Alencar, de 37 anos, dono de um mercantil no distrito de Vista Alegre do Abunã, distante 45 quilômetros da ponte, acredita que a ponte possibilitará mais oportunidade de negócios para os comerciantes da região. Com a construção das hidroelétricas de Jiral e Santo Antônio, o empresário diz ter havido baixa nas vendas em razão da diminuição do turismo na região.

“Aqui nós tínhamos muitos banhos, balneários, mas com as hidroelétricas, isso mudou. A lei foi mudando e a questão da madeira também quebrou a região aqui. Circulava muito dinheiro, mas agora esse dinheiro está indo embora, não fica mais. A gente acredita que com a ponte, vai ficar mais fácil de novas empresas se instalarem na nossa região aqui, ter mais emprego, e isso aqui crescer”, comenta Alencar.

O representante comercial Cícero de Azevedo, de 49 anos, diz que faz o percurso entre Ji-Paraná (RO) e Cruzeiro do Sul (AC) há quase 15 anos. Para o comerciante, a passagem na balsa sempre foi sinônimo de prejuízo à população e principalmente à economia. Ela alerta que a logística de transporte impacta fortemente no interesse comercial de uma cidade.

“Se você observar, até a ponte, de quem vem de Rondônia, tem desenvolvimento, ainda que mais simplista. Mas da ponta para o Acre, infelizmente, o que se vê é empresários reclamando, sem caixa, sufocados em qualquer que seja o cenário, sem poder de compra. A economia gira em torno do governo e o interesse de grandes empresas rapidamente esmorece. É a verdade”, elenca o comerciante.

Justamente por isso, o Ministério da Infraestrutura classifica a obra como estratégica para a região, pois será a única ligação terrestre entre o estado do Acre e o restante do país, tornando-se via fundamental para o abastecimento de alimentos, remédios e demais insumos ao estado. Com a ponte haverá, assim como desejam Cícera e Mathias, mais rapidez e comodidade aos que circulam na região.

Ainda segundo o ministro da Infraestrutura, a obra da ponte trará dignidade para o povo do Norte do país, um compromisso do governo federal. “Elas se tornaram prioridade no Governo Federal e estamos aqui para cumprir nosso compromisso com a integração brasileira. Esperamos que até dezembro possamos entregar essas melhorias à população”, declarou Tarcísio.

A PONTE – A ponte terá extensão total de 1084m e 14,5m de largura. Do lado de Rondônia, o acesso terá 440m de elevado, além de 1400 metros de pista, sendo necessários 280 mil m3 de aterro. São mais 980m de acesso do lado do Acre.

Por conta do aumento da cota do reservatório da hidrelétrica de Jirau, houve uma cheia histórica, que gerou algumas determinações por parte da Agência Nacional de Águas – ANA para a Empresa Energia Sustentável do Brasil – ESBR. A agência solicitou alteração no projeto e o custo adicional de revisão será arcado pela ESBR.

ODAIR 2

  • João Renato Jácome, do Notícias da Hora – Fotos: Odair Leal.
- Publicidade -
Copiar