Diante da imobilidade imposta pelas medidas de isolamento social, uma atividade cuja existência depende, elementarmente, da mobilidade humana encontra-se profundamente afetada, conforme dados publicados tanto pela imprensa em geral, quanto por organizações ligadas ao setor turístico.
Segundo dados publicados pela United Nations World Tourism Organization (UNWTO), em 2020 houve uma queda de 22% do fluxo internacional de turistas.
Além disso, quando se considera o cenário de reabertura da economia a partir de junho de 2019 e a possibilidade de estabilização da economia entre o período de outubro de 2020 a outubro de 2021, estima-se uma perda de 21,5% no biênio, segundo dados da FGV (2020).
Por outro lado, alguns segmentos possivelmente terão uma recuperação mais rápida em relação a outros, como é o caso das viagens corporativas ou o chamado turismo a negócios. Talvez o turismo religioso possa igualmente recuperar-se mais rapidamente em relação, por exemplo, ao segmento de eventos; sejam esses corporativos, culturais, esportivos etc., uma vez que devemos considerar as restrições quanto a concentração de pessoas em aglomerações.
Em Cruzeiro do Sul o cenário parece ser semelhante ao registrado pelas organizações de turismo. Desde o dia 30 de março de 2020 houve a suspensão dos voos devido o estado de pandemia instaurado em todo o país; apenas no dia 19 de outubro ocorreu a retomada dos voos para o município. A falta de voos provocou uma queda de 95% do faturamento, refletindo uma gradual mês a mês.
Segundo uma agência local, desde o retorno dos voos, houve uma recuperação de 30% do faturamento comparado ao ano passado. Isso ocasionado basicamente pela suspensão de viagens corporativas e governamentais.
Quando se trata de viagens a lazer, houve o crescimento de 50% comparado ao igual período do ano passado.
De qualquer modo, os efeitos da pandemia sobre o setor de turismo são inquestionáveis e deverão repercutir de forma diferente de acordo com a região. Provavelmente ainda seja necessário um período considerável de tempo para a superação do setor. No entanto, o planejamento dessa recuperação na escala nacional deverá, necessariamente, levar em conta a multi e transescalaridade que caracterizam a atividade.