Os colegas de trabalho, amigos e familiares do taxista Ademir Rodrigues Damásio, de 59 anos, fizeram uma verdadeira festa para ele, na tarde dessa segunda-feira (7), quando ele deixou o hospital de Acrelândia, no interior do Acre, após ficar 14 dias internado com Covid-19.
Na saída do hospital, ele foi recepcionado com aplausos, ergueu as mãos para o alto e agradeceu.
A filha do taxista, Diana Nobre, contou que o pai estava fazendo um tratamento dos rins, mas estava muito fraco e foi quando fizeram o teste de Covid-19 e o resultado positivo e por ser diabético, ele teve o quadro agravado e precisou utilizar sonda e precisou de respirador nesse período.
“Eles acompanharam até em casa, ao chegar aqui, todos desceram, fizeram uma oração por nossa família e nosso pai. Foi um gesto muito bonito e eles ainda fizeram uma doação porque meu pai ficou muito tempo sem trabalhar eles fizeram uma doação em dinheiro”, afirmou.
Diana contou que o pai faz parte do grupo de risco por conta da diabetes e foi o que agravou mais a situação dele.
“O estado do meu pai foi ficando cada dia pior, mas, meu pai disse que teve um ótimo tratamento aqui. Quando foi com 10 dias, a doutora retirou tudo para ver ser ele já conseguia respirar sem o aparelho e foi constatado que o pulmão dele estava bem, controlou a diabetes e pronto”, contou.
Quando foi dada a notícia de que Damásio receberia alta, os taxistas tiveram a ideia de fazer a carreata para celebrar a alta médica do amigo. Além disso, eles ainda se organizaram e fizeram uma vaquinha que arrecadou pelo menos R$ 1 mil para ajudar o taxista, que ficou um período longo sem poder trabalhar.
O taxista Ediones Pereira, foi quem teve a ideia, junto com o médico que estava acompanhando o amigo, de fazer a carreata e também juntar o dinheiro para ajudar.
“Programei, eu e o doutor que estava cuidando dele, o doutor Rafael, uma carreata, uma recepção para ele e levamos até em casa. Fizemos também uma arrecadação para ele, uma quantia em dinheiro”, contou.
Pereira ressaltou que as carreatas sempre ocorrem quando alguém morrem, mas tinham a intenção de mostrar o quanto o amigo é especial em vida.
“É uma pessoa querida por todos nós taxistas e a gente é uma família e surgiu a ideia e teve o doutor que deu a ideia também de a gente fazer a recepção para ele. A carreata em si, geralmente se faz quando a pessoa vai a óbito, então, a gente quis fazer uma coisa diferente e mostrar o quanto essa categoria nossa aqui é unida e o quanto ele é importante para nós. Estamos juntos e o que for preciso, a gente está aí para ajudar. Foi muito emocionante para nós”, explicou.
Pelo menos 14 carros participaram da carreata que acompanhou o taxista no trajeto até em casa.
‘Me senti tão privilegiado’
Ademir Damásio disse que se sente privilegiado porque, além de vencer a Covid-19, ele ainda foi surpreendido com o carinho dos amigos.
“Me senti tão privilegiado pelos amigos e pela equipe de médicos, o doutor Rafael e doutora Carla, isso falo desde os médicos, aos zeladores. O que pude fazer no momento em que estava muito frágil, foi agradecer em primeiro lugar a Deus e, em segundo lugar a eles que me deram um apoio muito grande”, disse o taxista sobre a surpresa que recebeu.
Recepcionado na porta do hospital, ele afirmou que nesse momento difícil e com um vírus devastador é importante que as pessoas acreditem mais. Ele ressaltou que viveu um momento difícil, mas acredita ter sido fundamental.
“Não é fácil. Mas, para falar a verdade, me apeguei na mão de Deus, na mão dos profissionais de saúde e o importante é que venci. Não tive medo. Orei muita a Deus”, comemorou.
Em casa, ele disse que espera estar totalmente recuperado para voltar ao trabalho. “A gente tem que trabalhar e quando recuperar, voltaremos a ativa.”
Fonte: G1 Acre.