Segundo um levantamento da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de Cruzeiro do Sul, o número de casos de violência doméstica dobrou nos primeiros quatro meses de 2020, em comparação ao mesmo período do ano passado.
A psicóloga Cíntia Sampaio ressalta a influência do machismo e da educação dada às crianças do gênero masculino para agravação dos casos. Em entrevista exclusiva ao Juruá em Tempo, Cíntia também alerta para os cinco tipos de violência doméstica.
“A lei Maria da Penha tipifica os cinco tipos de violência doméstica, que são: moral, patrimonial, psicológica, física e sexual. A mais comum de se identificar é a violência física, que se dá quando a vítima sofre agressões físicas; ou seja, qualquer conduta que ofenda a integridade ou saúde corporal de uma mulher”, explica.
Já a violência sexual se caracteriza como qualquer ato sexual ou tentativa de obtenção de ato sexual por violência ou coerção, comentários ou investidas sexuais indesejadas, independentemente da relação com a vítima. “Pode ser estupro ou a imposição de atos sexuais que causem desconfortos à mulher, impedir que ela use métodos contraceptivos ou força-la a abortar; forçar o matrimonio, gravidez ou prostituição por meio de chantagens, ameaças ou manipulação”, observa Cíntia.
A violência patrimonial é qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos. Enquanto a violência moral se configura como qualquer conduta que resulte em calúnia, difamação ou injúria. Por exemplo, pode caracterizar violência moral, xingamentos ou atribuição de fatos que não são verdadeiros.
Muitas mulheres também são vítimas de violência psicológica, que é entendida como qualquer conduta que cause “dano emocional e diminuição da autoestima” ou “prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões”.
“A violência psicológica pode começar com ameaças, manipulação, humilhação, limitação do direito de ir e vir, ridicularização”, destaca a psicóloga, que orienta aos pais e mães o cuidado quanto aos discursos machistas. “É importante que os filhos desde cedo entendam que homens e mulheres têm os mesmos direitos e que ambos devem ser tratados com respeito”.