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sexta-feira, novembro 1, 2024

Em módulos, escolas indígenas no Acre seguirão o conceito de autossuficiência, a partir de 2021

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Visto de cima, o projeto mais se parece com módulos das colônias espaciais de algum planeta inóspito imaginado apenas por cineastas da estirpe de James Cameron e o seu ultrarrealista Avatar. Mas o designer das novas escolas indígenas do Acre – cujas primeiras unidades começam a ser construídas em 2021 -, além de futurista, leva em consideração uma questão crucial neste século, a autossuficiência energética com proteção ao meio ambiente.

A pedido do governador Gladson Cameli, a equipe de criação da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Regional (Sedur) elaborou o projeto levando em consideração tecnologias e soluções ecologicamente viáveis no interior da selva amazônica, onde gás de cozinha e energia elétrica, só para citar dois exemplos, são praticamente inexistentes ou são privilégios de algumas pouquíssimas aldeias indígenas mais próximas das zonas urbanas.

Nesta quinta-feira, 24, o secretário de Educação, Mauro Sergio Cruz, foi apresentado ao programa pela chefe do Departamento de Criação da Sedur, a arquiteta Soad Farias, e sua equipe de engenheiros e arquitetos. Farias explica que a Nova escola indígena ambiental – padrão modular, como é chamado o projeto, tem como base seis conceitos fundamentais. Eles são a adaptabilidade, a funcionalidade, a identidade, a tecnologia, a versatilidade e a viabilidade.

A lógica é a de que as escolas sejam construídas otimizando custos que não influenciem na qualidade da obra. Um exemplo é a terraplanagem que não será necessária, já que poderão ser erguidas sobre qualquer terreno, inclusive sobre terras encharcadas, utilizando-se de materiais relativamente simples, robustos e muito viáveis economicamente.

“Só para citar um exemplo, quando houver necessidade de ampliação, essa solução virá com a expansão dessas salas em módulos de 50 metros quadrados, eliminado a necessidade de demolição dos já existentes”, ressalta Soad Farias. Segundo ela, “esses fatores desoneram muito a construção e garantem a viabilidade da obra”.

A tecnologia estará presente tanto nos compostos usados na construção, quanto no sistema de energia solar e de filtragem da água da chuva, que poderá ser usada para descarga nos vasos sanitários e para a lavagem de utensílios como pratos, panelas e talheres, no refeitório.

A cobertura, com iluminação zenital – que é a entrada de luz natural por meio de uma abertura no teto -, terá proteção com policarbonato azul e alveolar de seis milímetros, um dos aspectos que dá um ar futurístico ao projeto.

O teto é de telhas ondulares em alumínio, com subcobertura em manta térmica impermeável do tipo duralfoil. A estrutura receberá painéis solares sobre o salão multiuso, localizado ao centro da escola, que terá forma de uma figura geométrica de hexágono [de seis lados]. Já o piso será construído em laje de concreto, com nata de cimento queimado.

Valorização dos povos tradicionais

A rede da Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esportes (SEE) tem hoje 147 escolas indígenas, com pelo menos 5.954 estudantes matriculados, segundo a Coordenação da Educação Indígena. Se somados aos alunos matriculados nos municípios, esse número salta para 8.942 pessoas, dos quais 508 estão cursando o ensino médio.

Na modalidade de ensino médio, o estado tem hoje 22 escolas indígenas, sendo que algumas oferecem também o programa Asas da Florestania, sob a coordenação do Departamento de Educação no Campo.

“Trata-se de um público grande, que merece estudar num ambiente melhor. Nossas escolas [indígenas] ainda são de uma estrutura arcaica, algumas se deteriorando consideravelmente”, destaca o secretário de Educação, Mauro Sergio Cruz, com base no que observou recentemente, em visitas realizadas a várias comunidades indígenas.

Uma delas é a do Estirão do Caucho, formada por indígenas da etnia kaxinawá, no rio Muru, a uma hora de barco do município de Tarauacá (a 440 quilômetros de Rio Branco). Ali vivem pelo menos 15 mil pessoas.

Na opinião do secretário, “é preciso levar dignidade a essas comunidades”. “E esse está sendo o compromisso do governador Gladson Cameli, que abraçou com carinho a valorização dos povos tradicionais”, pontua Cruz, referindo-se, não só às famílias indígenas como também aos colonos e ex-seringueiros moradores dos projetos de assentamento agroextrativistas.

Com o projeto finalizado, o objetivo agora é apresentá-lo ao governo federal. Os recursos, que deverão sair pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, autarquia vinculada ao Ministério da Educação, serão calculados nas próximas semanas pela diretoria técnica da Sedur.

Fonte: Agência de Notícias do Acre.

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