Acre abriu mais de 3,1 mil empresas durante a pandemia, aponta levantamento

O casal Brunna e Marcelo Sampaio juntou as economias adquiridas durante a vida para investir em um sonho: o negócio próprio. A ideia era começar em março, mas veio a pandemia do novo coronavírus, o comércio fechou e os planos foram adiados.

Em julho, o casal inaugurou uma loja de maquiagem e acessórios, no Centro de Rio Branco, sem saber se o investimento daria certo.

A empresa do casal é uma das mais de 3,1 mil abertas no Acre entre março, quando iniciou a pandemia no estado, e agosto. No mesmo período de avaliação, o estado acreano fechou outras 716 empresas. Os números foram divulgados no boletim Mapa de Empresas.

Do total de pontos comerciais abertos durante a pandemia, mais de 2,6 mil foram de microempreendedores individuais (MEi). O número representa mais de 83% das mais de 3,1 mil empresas abertas. Em todo país, segundo dados do Portal do Empreendedor do governo federal, o número total de registros de MEIs atingiu 10,775 milhões no último dia 12 de setembro.

“Foi algo que estávamos planejando há muito tempo. A gente morava em Cruzeiro do Sul, onde tínhamos um escritório, queríamos abrir lá, mas os planos mudaram e viemos no final de março para Rio Branco. Surgiu a pandemia, ficamos assustados, mas resolvemos seguir adiante e investir tudo que tínhamos”, destacou Brunna.

Mesmo com a incerteza de que teria um retorno positivo nos lucros, Brunna e o marido inauguraram a loja no dia 25 de julho, quatro dias após a reabertura gradual do comércio em Rio Branco. Segundo os dados do Mapa de Empresas, o Acre vinha em queda na abertura de empresa desde abril, quando registrou 319 aberturas, mas esse número subiu para 628 em julho.

“Logo que o comércio reabriu a gente abriu as portas para começar. A gente temia, claro, mas decidimos arriscar, não tínhamos escolha. Nosso meio de lucrar tinha sido vendido para integrar nesse negócio, mas muita gente falou que não daria certo, que o país estava no meio de uma crise. Não olhamos para isso, abrimos e estamos tendo lucro”, comemorou.

O investimento tem dado tão certo que Brunna já planeja abrir uma segunda loja. A ideia é inaugurar o outro ponto comercial em janeiro, depois das vendas do fim de ano.

“Nosso planejamento era abrir daqui a dois meses, mas vai ter o Natal e Ano Novo e vai ficar apertado pra gente ir em duas lojas, essa ainda está no começo”, finalizou.

Levantamento

Ainda segundo o levantamento, o mês de mais abertura de empresas no Acre foi agosto, com 798 novos pontos. Destes, 768 foram matrizes e 35 filiais.

Já o mês com menor número registrado de criação de novos comércios foi abril, quando registrou apenas 319. O Acre seguiu ainda com baixo número em maio (337), em junho deu uma aumentada nos números (451) e seguiu em crescimento.

Desempregados investiram

A presidente da Associação Comercial, Industrial, de Serviço e Agrícola do Acre (Acisa), Síglia Abrãao, destacou que a maioria das empresas foram abertas por trabalhadores que foram demitidos durante a pandemia.

Para ela, o número é muito significativo, já que quanto mais pessoas empreendendo mais recurso fica no estado.

“O fenômeno é que tinha muita gente desempregada, então, a maioria é MEi e as pessoas têm que trabalhar e começa a ir para o mercado montar sua empresa e trabalhar. Pessoal pegou o dinheiro que recebeu e investiu. Tenho uma amiga que montou uma empresa de chinelos, então são essas coisas. Que bom que as pessoas estão indo à luta”, destacou.

Síglia afirmou também que a Acisa está prestando serviços de consultoria e orientação junto com o Sebrae para os novos empresários.

“Quem começa a empreender, muita das vezes, não tem uma orientação, começa e desiste quando ver que é difícil. Então, busque a Acisa para ter essa orientação sobre venda, markentig estratégico, canais digitais. Para pessoa crescer tem que ter algo da marca dela, ter um cartão de visita digital, arte para padronizar e serviços que o Sebrae e a Acisa estamos divulgando e orientando”, aconselhou.

 

  • Por Aline Nascimento, G1 Acre.