Uso de radiação nos pulmões de pacientes com Covid-19 pode acelerar recuperação, diz estudo

Uma pequena dose de radiação aplicada nos pulmões de pacientes com pneumonia causada pela Covid-19 pode ajudá-los a se recuperar mais rapidamente, mostra estudo feito com um grupo pequeno de pacientes divulgado na terça-feira (13). A revisão por pares dessa pesquisa, procedimento usual na ciência para a publicação de artigos, ainda deverá ocorrer.

Médicos da Emory University de Atlanta, nos Estados Unidos, trataram 10 pacientes de novo coronavírus com radiação nos pulmões. Os dados foram comparados com os resultados de 10 outros pacientes de idade similar e que receberam os cuidados usuais, sem radiação.

Com radiação, o tempo médio para uma melhora significativa foi de três dias. Enquanto isso, no outro grupo, a recuperação durou 12 dias.

Outros efeitos em potencial incluem menor média de tempo para a alta hospitalar (12 dias com radiação, 20 dias sem) e um risco mais baixo de precisar de ventilação mecânica (10% com radiação, 40% sem).

Observações e esperanças

Porém, essas diferenças são muito pequenas para descartar a hipótese de que houve “sorte” nos resultados, alertam pesquisadores. Com isso, ainda é cedo para afirmar que esse tipo de tratamento é eficaz contra as complicações da Covid-19.

O grupo que recebeu radiação era “um pouco mais velho, um pouco mais doente e tinham os pulmões um pouco mais danificados. Mas mesmo assim nós vimos um sinal forte de eficácia”, disse à Reuters o médico Mohammad Khan, um dos autores.

Khan notou que, no grupo que recebeu doses de radiação, o uso de medicamentos foi interrompido antes e depois do tratamento para que os resultados refletissem somente a radiação.

“Radioterapia pode reduzir a inflamação dos pulmões de pacientes de Covid-19 e reduzir as citocinas que causam essas inflamações”, afirmou Khan. Citocinas são proteínas fabricadas pelo sistema imune.

Os resultados dos primeiros cinco pacientes foram aceitos para publicação na revista “Cancer”. O resultado com todos os 10 foram publicados na terça no repositório medRxiv — ainda não houve a revisão por pares. Os pesquisadores lançaram um ensaio randomizado e controlado do tratamento e esperam incluir outros centros médicos.