Quem quiser viajar com destino à segunda maior cidade do Acre, Cruzeiro do Sul, ou sair de lá, só tem a opção via terrestre. Isso porque os voos para a cidade, que são feitos apenas por uma companhia aérea, estão suspensos desde a segunda quinzena de março, quando os primeiros casos do novo coronavírus surgiram no estado.
Ao G1, a empresa Gol informou que a previsão para retomada das atividades no município acreano é somente após o mês de agosto.
“No momento, Cruzeiro do Sul está com voos da Gol suspensos até agosto e pode ser retomado nos meses seguintes, dependendo da demanda. A malha da Companhia é dinâmica e constantemente revisada para melhor atender seus Clientes e aos movimentos do próprio mercado. A lista de voos da malha essencial da Gol em vigor pode ser acessada por meio de nosso site”, disse a empresa.
Com 88,4 mil habitantes, Cruzeiro do Sul tem 1.359 casos confirmados de Covid-19, segundo último boletim da Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre), divulgado nesse domingo (8). Foram 377 novos casos em 24 horas. A cidade registra 17 óbitos causados pela doença.
A segunda maior cidade acreana apresenta a maior incidência de Covid-19 do estado, com 154 para cada 10 mil habitantes. Em seguida aparece a capital Rio Branco com 112 casos da doença para cada 10 mil habitantes. No Acre a incidência da doença é de 905,2 casos por 100 mil habitantes.
Prejuízos
Com a suspensão dos voos, uma agência de viagens da cidade calcula um prejuízo de R$ 25 mil por mês com a suspensão dos voos. No mercado há 20 anos, o empresário Cristiano Falcão diz que essa é a pior crise já vista pelo setor e estima que precise de, pelo menos, dois anos para conseguir recuperar.
“Não tem sido fácil, a gente tem que sobreviver com o que tinha e se virar de outras formas. Para se ter uma ideia, acabei de anunciar uma promoção para Fortaleza por R$ 785, ida e volta, e as pessoas não querem. Os poucos que ainda compram, a gente trabalhando de forma remota, são para casos de urgência ou que compram para datas muito distantes. Mas, as vendas reduziram muito, hoje a gente abre mais com finalidade de atender clientes para remarcação, reembolso e cancelamento do que de vendas”, disse Falcão.
O empresário afirmou ainda que o setor de viagens e turismo é o primeiro a entrar na crise e o último a sair. Ele também falou que precisou negociar com os seis funcionários para não precisar fazer demissões.
“Nunca aconteceu nada parecido. Toda mudança que acontece, a gente se adapta muito rápido. Agora, isso não tem paralelo. A gente perde todo mês, pelo menos, R$ 25 mil. Temos um custo alto, trabalhamos com muita gente, temos duas agências na cidade, não demiti ninguém, mas estou negociando com eles, porque está bem complicado”, falou o empresário.
A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) informou que questões sobre a programação de voos e funcionários de empresa aérea devem ser direcionados à Gol, que é a responsável pelo transporte aéreo.
“Quanto ao Aeroporto de Cruzeiro do Sul, a Infraero esclarece que o serviço aeroportuário nele e nos demais terminais sob administração da empresa está ocorrendo normalmente e a oferta de voos está seguindo a malha aérea definida pelas empresas aéreas e Agência Nacional de Aviação Civil (Anac); além de contar com medidas de combate ao novo coronavírus”, disse.
Empresas de ônibus
Mesmo com os voos suspensos para a cidade de Cruzeiro do Sul, o mercado de empresas de ônibus também apresentou queda nas vendas. As duas empresas que atuam na cidade disseram que precisaram reduzir em 50% as viagens diárias e o número de passageiros também caiu mais da metade.
O encarregado de vendas de passagens de uma das empresas, Adão Aquino conta que antes da pandemia diariamente dois ônibus saiam de Cruzeiro do Sul com destino a capital, sendo um pela manhã e outro à noite. Agora, só pode sair um ônibus à noite e com a metade da capacidade de passageiros.
“Com esse negócio da pandemia, o pessoal não está viajando, está indo de 12 a 20 pessoas, no máximo, sendo que o ônibus tem capacidade para 46 passageiros. É um prejuízo grande mesmo, porque antes a gente mandava dois ônibus por dia”, disse Aquino.
Com relação às medidas de segurança para evitar o contágio pelo novo coronavírus, o encarregado contou que estão sendo tomadas as providências de higiene.
“Quando o ônibus chega de Rio Branco, o lavador passa água sanitária no banheiro e no chão do veículo e álcool no volante e poltronas. Aí, ele deixa isso por uma hora, depois disso ele volta e lava. Quando chega na rodoviária para viagem, o motorista anda com álcool em gel para ir passando nos passageiros que vão embarcando. Além disso, os passageiros precisam estar de máscara”, contou.
O diretor da outra empresa de ônibus que atua na cidade, Fernando Lourenço também afirmou que teve queda nas vendas. Ele disse ainda que estão sendo tomadas medidas de higiene para evitar a contaminação.
“Na verdade, a demanda caiu muito. Cada ônibus só pode rodar com 50% da sua capacidade total, então quer dizer que cada ônibus pode rodar com no máximo 22 passageiros, mas nem esses 22 as empresas estão tendo para transportar. Todos os dias quando os ônibus chegam na garagem é feita a sanitização, além disso, foi colocado álcool gel em todos os carros e estamos trabalhando com orientação para que todos usem máscaras dentro dos ônibus”, falou Lourenço.