Sem a presença de Bolsonaro e conflitos, grupos pró e contra o governo dividem Brasília

Grupos contra e a favor do governo Jair Bolsonaro (sem partido) dividiram hoje a Esplanada dos Ministérios em Brasília. Os protestos aconteceram ao mesmo tempo, e policiais militares fizeram um cordão no gramado para separar os movimentos. Os atos começaram por volta das 9h30 e se dispersaram a partir das 11h30. Não há registros de conflitos. É o primeiro domingo com atos contra Bolsonaro na cidade, com diversas pautas, como a democracia e o antirracismo.

Em uma Esplanada dos Ministérios dividida com um cordão formado por grades e policiais militares, com a Praça dos Três Poderes bloqueada, os manifestantes contra o governo carregaram faixas com dizeres como “Fora, Bolsonaro fascista” e “antirracismo”.

A pauta do movimento internacional “Vidas Negras Importam”, que começou após a morte de George Floyd nos Estados Unidos, foi uma das principais causas defendidas. Também houve presença de membros de torcidas organizadas de futebol, como a do Corinthians.

Manifestantes que trabalham no Sistema Único de Saúde carregaram cruzes para homenagear outros enfermeiros e médicos que morreram de covid-19 trabalhando na linha de frente do combate ao novo coronavírus. Alguns integrantes do movimento negro deitaram no chão, próximo ao cordão de isolamento montado pela polícia.

Por imagens aéreas da manifestação era possível identificar um número maior de manifestantes contrários ao governo do que de apoiadores. Os manifestantes pró-Bolsonaro tinham um trio elétrico e bandeiras pela “liberdade”, “família”, e “intervenção cívico militar”.

O presidente não participou dos protestos como tem feito nos últimos domingos. Por volta de meio-dia, saiu do Palácio da Alvorada e, sem máscara, cumprimentou apoiadores que estavam do lado de fora. Após 20 minutos, retornou à residência oficial.

O ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Augusto Heleno, acompanhou o ato nas proximidades do Congresso. O GSI não informou o motivo da presença de Heleno. Em uma rede social, ele disse que foi ao ato agradecer integrantes das Forças de Segurança em um ato de “camaradagem”.

“Fui à Esplanada dos Ministérios agradecer aos integrantes das F Seg [Forças de Segurança], pelo trabalho abnegado e competente que realizam, em prol de manifestações pacíficas. É atitude de camaradagem, comum entre nós, militares”, escreveu Heleno em seu Twitter.

Os protestos contrariam as determinações do governador Ibaneis Rocha (MDB-DF), que proíbem manifestações e aglomerações. Entre os atos, está a proibição de aglomeração e o uso obrigatório de máscaras.

Segundo dados do Ministério da Saúde, divulgados ontem, no DF são 208 mortes relacionadas ao novo coronavírus. No país são 35.930 óbitos pelo Covid-19.

A maior parte dos manifestantes nos atos usava máscaras, mas contrariavam as orientações de aglomeração.

Pela manhã houve atos a favor do governo no Rio de Janeiro. Havia pedidos de “intervenção popular”. Na capital paulista, torcidas organizadas e movimentos sociais marcaram para hoje à tarde um ato pela democracia. No domingo passado, houve conflito com a Polícia Militar.

Percurso

Em Brasília, o grupo contra o governo seguiu pela esplanada até as proximidades do Senado Federal e do Ministério da Justiça, depois voltou até o ponto inicial do ato, na Biblioteca Nacional, no Eixo Monumental.

A PM (Polícia Militar) do Distrito Federal não informou o número de manifestantes e o efetivo policial utilizado na operação. Segundo a assessoria de comunicação da corporação informou ao UOL, há bloqueio nas laterais do Congresso, de forma a bloquear o acesso dos grupos à Praça dos Três Poderes, onde fica o Palácio do Planalto e o STF (Supremo Tribunal Federal).

Apesar disso, um grupo de apoiadores do presidente se concentrou em frente ao Palácio do Planalto.

Um contingente de 300 policiais da Força Nacional de Segurança Pública ficou de prontidão na Esplanada. No entanto, não foram registrados confrontos e os agentes não precisaram entrar em ação.

Segundo o porta-voz da PM, Major Michello Bueno, em entrevista à CNN Brasil, ambos os grupos passaram por revistas. “Foram apreendidos um tipo de foguete, uma madeira bem grande, e duas máquinas dessas de choque, que utilizam para proteção pessoal”, disse.

Nos últimos meses é recorrente a presença de manifestantes pró governo em Brasília, aos domingos. O presidente Jair Bolsonaro costuma acompanhar os eventos e descumpre orientações da OMS (Organização Mundial da Saúde) e decreto do DF sobre a obrigatoriedade do uso de máscara. Na última semana, ele desestimulou seus apoiadores a irem em atos e criticou movimentos antifascistas.

No último domingo (31), ele montou em um cavalo da PM e desfilou junto aos manifestantes, em frente ao Palácio do Planalto.

*Com Estadão Conteúdo.