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quarta-feira, novembro 27, 2024

Indígena morre de coronavírus e deixa bebê recém-nascida; família pede ajuda

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O que seria o início de uma linda história na vida da amazonense Ducicleia Pinheiro, de 17 anos, que experimentaria a emoção de ter aos seus braços a primeira filha, transformou-se em um triste fato. Ela, infelizmente, ao sair do município de Pauini, próximo a Boca do Acre, para Rio Branco, no intuito de ter a criança, faleceu após ser contaminada pelo coronavírus.

Tudo começou quando ela e o marido, Francisco Marcelino, ambos indígenas apurinãs, tiveram que saíram de uma comunidade no interior do Amazonas, onde moravam, para Pauini, porque Ducicleia havia apresentado fortes dores próximo às costelas.

“No dia 5 de maio nós chegamos ao hospital local e lá ela ficou internada, porque estava apresentando fortes dores. Após alguns exames, foi constatado que ela estava com pneumonia, anemia forte e mancha no pulmão. Imediatamente fomos encaminhados para a Maternidade, porque a criança também corria risco”, explicou.

Quando chegaram à Maternidade Bárbara Heliodora, em Rio Branco, imediatamente a mãe foi submetida ao exame para covid-19, que deu negativo, inicialmente.

O quadro clínico foi piorando. Ducicleia foi encaminhada com urgência para o Pronto-Socorro de Rio Branco, onde fez o segundo teste e recebeu os devidos tratamentos.

Antes de sair o resultado, no dia 15 de maio, ela precisou ser cirurgiada para a retirada do bebê. No mesmo dia, a amazonense foi surpreendida com duas notícias: o nascimento de sua filha Maria Clara, em perfeito estado, e o seu diagnóstico positivo para o vírus tão temido.

Por conta do comprometimento, a bebê ficou na incubadora por alguns dias e Ducicleia foi encaminhada para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do INTO/AC, em estado grave.

Francisco, que era a única companhia da esposa e quem podia ficar com a criança, precisou ficar isolado por 14 dias, já que também poderia ter sido infectado.

“Foi tudo muito difícil. Eu não sabia o que fazer. Não tinha pra onde correr. Minha esposa estava na UTI e minha bebê em uma incubadora. O que eu podia fazer?”, comentou.

O pai de Maria Clara foi encaminhado para a Casa de Saúde Indígena de Rio Branco (Casai), onde ficou isolado por 14 dias. “Fizeram o teste em mim e deu negativo. Não fui contaminado. Mas cumpri os 14 dias”, explicou.

Uma tia de Maria Clara e irmã de Ducicleia saiu do município amazonense para o Acre, no intuito de cuidar da criança. Dia 21 de maio, a bebê teve alta da Maternidade e ficou sob os cuidados do pai e da tia.

Nesta segunda-feira (1), infelizmente, Ducicleia não resistiu e faleceu. “Eu perdi o chão. De repente o sonho estava todo construído, aí tudo acaba”, disse o marido.

“Não sabemos o que fazer agora, porque não temos como retornar para nossa terra. Eu estou desempregado e preciso comprar comida e roupa para minha filha”, finalizou.

Vivendo um luto e desempregado, Francisco pede ajuda da comunidade para conseguir comprar leite NAN, de 0 a 6 meses, para a filha, que agora não tem mais o sustento materno.

Os interessados podem ir até a Casai, localizada na Estrada da Sobral, 2, no bairro Aeroporto Velho. Também é possível entrar em contato pelo (97) 99154-2569.

POR EVERTON DAMASCENO, DO CONTILNET.

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