O governador Gladson Cameli voltou atrás e não tem mais certeza se sanciona o projeto de lei número 79/2020 que caracteriza cultos religiosos como atividades essenciais em períodos de calamidade, possibilitando sua reabertura em pleno pico da pandemia de coronavírus. Na semana passada, ele havia dito, em entrevista a uma emissora de TV no Juruá, que sancionaria o PL.
Em coletiva de imprensa nesta terça-feira (9), ele informou que vai acionar a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) para estudar o projeto e conversar também com setores da sociedade civil para ajudá-lo a tomar a decisão.
“Apresentam esses projetos na assembleia para jogar casca de banana pro governo pra depois dizer que o governo não quis. Então eu vou chamar a PGE e ela vai ter de tomar uma posição. Eu quero dividir com a sociedade”, comenta.
“Não adianta colocar a culpa depois em A, B ou C. A responsabilidade é de todos nós, dos pastores, dos padres, do legislativo e do judiciário. Ninguém é criança. Tá todo mundo vendo a situação [da pandemia]”.
De autoria da deputada Juliana Rodrigues (PRB) e com relatoria de Cadmiel Bonfim (PSDB), o projeto foi aprovado por unanimidade pela Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) na semana passada. Dezenove deputados participaram da sessão remota naquela data
O PL ficou em pauta por menos de um minuto e passou sem debates entre os parlamentares. Nem mesmo a autora e o relator do projeto fizeram uso da palavra para defender a ideia. A atitude dos deputados foi bastante criticada nas redes sociais.
Ao homenagear o médico Thor Dantas, que viajou a São Paulo após piora no quadro de covid-19, o jornalista Altino Machado escreveu: “Sinto vergonha e pouca esperança na humanidade quando vejo a Assembleia do Acre aprovar, a pedido de pastores evangélicos, projeto de lei para o governo do Acre liberar aglomeração para cultos religiosos. O tempo nos mandará notícias sobre o fanatismo e a ganância financeira desses religiosos”.
Veja o curto momento da aprovação do projeto a partir de 15m40s:
O Acre vive plena pandemia de coronavírus, sendo o terceiro pior estado em taxa de incidência, que leva em conta o número de casos para cada 100 mil habitantes. Nesta semana, todos os leitos de UTI da capital lotaram e já há registro de mortes por falta de vagas no atendimento intensivo. Quase 9 mil pessoas estão infectadas e 223 já perderam a vida para a doença.
Por Leandro Chaves, do Contilnet.