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Após perder filho de 4 anos para Covid-19, mãe diz que vive à base de remédios: ‘Não aguento’

Os pais do pequeno Douglas Emanuel Junqueira, de 4 anos, tentam se agarrar às lembranças dos bons momentos com o filho para amenizar a dor da morte do menino. A mãe, Najila Junqueira, passou a viver à base de calmantes desde que Douglas se foi, no último dia 30, vítima de uma dengue grave e da Covid-19 em Rio Branco.

O menino foi a primeira criança a morrer com o novo coronavírus no estado acreano. O Acre já tem mais de 7 mil infectados e 201 mortes pela doença.

“Tenho que estar todo tempo no calmante porque não aguento. Minha casa está um vazio total” lamentou a mãe aos prantos em entrevista à Rede Amazônica Acre.

O menino deu entrada no Pronto-Socorro, na sexta-feira (29), com complicações de dengue, depois foi enviado para o leito de isolamento do Hospital da Criança, enquanto aguardava o exame para Covid-19.

Quando o resultado do exame deu positivo para novo coronavírus, houve uma nova transferência da criança, que foi levada de volta ao pronto-socorro.

Porém, durante a transferência, Douglas sofreu uma parada cardiorrespiratória, foi reanimado e chegou ao PS com vida. No sábado (30), a criança não resistiu e morreu.

Fatalidade

Pela casa, as fotos e imagens demonstram bem o menino alegre e com a vida inteira pela frente.

O pai Vanderley Souza relembrou com carinho os momentos com o filho. “O Douglas era um anjo de Deus em nossa vida. Era uma criança amorosa e maravilhosa, todo mundo que conhecia ele se apaixonava”, recordou.

Najila disse que tudo começou com sintomas leves de febre e vômito. A mãe pensava que Douglas estava com virose, mas, com o passar dos dias, viu que o menino não melhorava e decidi levá-lo ao hospital.

“Falei que não dava mais, que não era virose, e levamos. No outro dia, já amanheceu cansado, o raio-X deu uma mancha e o médico já disse que podia ser Covid. Foi colhido tudo para os exames, mas foi só piorando. A médica do plantão anterior tinha dito que estava começando a inflamar todos os órgãos e ia precisar de UTI. Aí começamos a peleja e não conseguimos UTI. Só conseguimos quando meu filho estava inflamando todos os órgãos”, destacou.

A Secretaria de Saúde (Sesacre) informou que a morte foi em decorrência de infecção por dengue grave e Covid-19 simultaneamente.

Único filho do casal, o menino tinha asma e os pais redobravam os cuidados dentro de casa para evitar a doença, mas mesmo assim ele foi mais uma vítima do novo coronavírus. Além de Douglas, Najila e o marido têm outros filhos de outros relacionamentos, uma menina de 9 anos e um adolescente de 17.

O pai ressaltou que ficou ao lado do filho até o último momento. Para ele, dias de luta pela vida do filho foram os mais difíceis até agora.

“Estava presente a todo tempo com ele, não participando da parte da entubação que a gente não podia ficar na sala. Foram momentos cruciais que vão ficar marcados pra sempre na gente. Não vamos conseguir esquecer esse momento terrível da vida”, falou.

Alento

Vanderlei e Najila perderam o filho prematuramente. Em meio ao momento difícil e a dor da partida de Douglas, o importante é manter viva a lembrança dos momentos felizes que passaram juntos.

“A gente procura buscar na memória os momentos felizes que vivemos juntos. Graças a Deus vivemos muitos momentos, foi intenso o carinho que tínhamos por ele, nossa vida era ele. Transformamos nossa vida para ele”, disse o pai.

Sobre a demora por um leito citada na matéria, a Sesacre disse que não faltam leitos para as crianças. Que no caso de Douglas, toda assistência foi dada, mas, antes da transferência, era necessário estabilizar a situação da criança. Assim que foi possível, a transferência foi feita.

Fonte: G1.

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