O Programa Saúde Emocional: Você não está Sozinho, desenvolvido pelo Governo do Estado por meio do Gabinete da Primeira-dama e Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) tem realizado atendimentos para os diagnosticados da Covid-19, recuperados e familiares que estão passando por momentos de estresse, angústias e medo.
Leandro Rocha, 30, arquiteto, um dos três primeiros acreanos identificados com o novo coronavírus, hoje está curado e relatou sobre o atendimento psicológico que teve por intermédio do Programa Saúde Emocional.
“O atendimento no período em que estive em isolamento manteve o meu psicológico tranquilo e o meu estado emocional. Não é fácil ficar 14 dias isolado dentro de um quarto sem saber o que vai acontecer. Passa em nossa cabeça muita insegurança, saber se vou morrer ou não, até que ponto essa doença fosse me atingir”, explicitou Leandro Rocha.
A psicóloga Tatiana Mendes foi quem acompanhou o arquiteto. “Ela me passou tranquilidade e eu consegui falar tudo o que estava acontecendo comigo, desde os sintomas da doença, o desespero que as vezes eu sentia, e até mesmo a exposição com o meu nome, a repercussão que isso causou na cidade, algo que eu não queria que tivesse acontecido, não queria ter sido acometido com essa doença”, completou.
O programa que tem levado solidariedade e cooperação social para o enfrentamento dessa crise pandêmica da Covid-19, tem o intuito de dar suporte a pacientes e familiares que estão vivenciando a experiência de conviver com a Covid-19.
“Estamos vivenciando essa doença que tem atingido o mundo inteiro e o Governo do Estado está atuante para fazer o atendimento da população. Ampliamos o número de serviços e leitos, orientamos sobre as medidas de higiene e distanciamento social, mas também precisamos ter um olhar humanizado, um canal direto para ouvir aqueles que estão sofrendo diretamente com esta doença que são os infectados e seus familiares. São 19 óbitos e precisamos ser sensíveis a essas perdas e toda essa situação”, apontou a primeira-dama do Estado, Ana Paula Cameli.
Voluntária, a psicóloga Tatiana Mendes, esclareceu que os atendimentos podem variar de uma a dez sessões. “Este projeto oportuniza a comunicação através de conversas via WhatsApp, vídeos chamadas e ligações telefônicas, para que o paciente possa externalizar seus medos e ressignificações decorrentes dessa doença que permeiam esse período de evolução ou não do quadro clínico do paciente e em que situação se encontra seus familiares”, salientou Mendes.
“Essa experiência de pandemia, tem me propiciado a oportunidade da ação voluntária e com ela um aprendizado imenso no que se refere a superação profissional, auto controle e atitudes assertivas em prol do auto cuidado e experiências de vida jamais vivenciadas antes, onde o cuidador também vivencia o caos de uma sociedade entregue a uma doença invisível e por vezes mortal, porém a solidariedade, empatia e os valores de direitos humanos, torna-se o maior foco do significado do que é viver”, afirmou a psicóloga Tatiana Mendes.
Mesmo após a alta médica o programa tem identificado que alguns pacientes necessitam de acompanhamento psicológico por desenvolverem, com a situação de isolamento e a doença, sintomas de ansiedade e síndrome do pânico. Esses pacientes, estão sendo encaminhados para acompanhamento remoto por outro grupo de psicólogos da Policlínica Tucumã.
De acordo com o gerente da Policlínica Tucumã, João Paulo Silva, além das demandas habituais, nas terças e quintas-feiras, duas psicólogas estarão atendendo, tanto remotamente como presencialmente os recuperados da Covid-19.
“Em parceria com o programa Saúde Emocional, estaremos contribuindo com atendimento remoto e presencial, já que os pacientes recuperados precisarão entrar em um processo terapêutico, a doença é muito cruel e tem um aspecto psicológico envolvido até mesmo pela situação social em que vivemos hoje. Seremos um ponto de apoio dentro da rede de saúde do Estado e a esse projeto que a primeira-dama tem conduzido brilhantemente”, evidenciou João Paulo Silva.
Segundo o último boletim informativo, das 354 pessoas até então diagnosticadas, 296 foram contactados, 228 elogiaram a iniciativa, 44 pacientes estão em atendimento remoto, 12 pacientes em atendimento único – PCP, 13 pacientes estavam em escuta qualificada e já encerram as sessões, 16 familiares estão em atendimento remoto e 8 familiares em atendimento único – PCP.
Para o chefe do departamento de Atenção Primária, Políticas e Programas Estratégicos da Sesacre, Luiz Carlos Marinho de Figueiredo, os atendimentos psicológicos são vozes que trazem segurança e tranquilidade nesse momento de pandemia, juntamente com o conhecimento técnico, clinico e epidemiológico, esse projeto praticamente já se encaixa como um ponto de apoio moderno a Rede de Atenção à Saúde Mental pelo trabalho que vem desenvolvendo conforme demonstra o último boletim informativo do programa.
“O olhar especial que a primeira-dama tem dado a esse segmento de auxílio à população tem se mostrado fundamental à saúde mental das pessoas contactadas. Infelizmente os casos estão aumentando, bem como os óbitos, e assim também novas parcerias estão sendo formadas, bem como novas ideias estão surgindo, como por exemplo a expansão do projeto com núcleos em alguns municípios, claro tudo ainda está sendo estudado para que a gente leve o mesmo padrão técnico que temos hoje nos atendimentos a todos os municípios que realizarem a adesão, outro ponto é a saúde psicológica do próprio profissional da saúde que está diretamente na linha de frente, enfim são vários pontos que necessitam de um apoio como esse que o Projeto Saúde Emocional oferta”, ressaltou Luiz Figueiredo.