Eliane Ramos Rodrigues estava grávida quando foi diagnosticada com o novo coronavírus, em Manaus. Ela morreu dias depois, em um hospital de Manaus, após passar por um parto prematuro e não conheceu o filho. No Amazonas, o número de casos do novo coronavírus passa de 20 mil e já são mais de 1,4 mortes.
Eliane estava no oitavo mês de gestação, quando começou a sentir falta de ar e fortes dores no corpo. Ela passou por exames, que confirmaram que ela estava com o novo coronavírus. O filho, Bernardo, nasceu prematuro. Após o parto, ele se recuperou e recebeu alta.
A mãe permaneceu internada em um hospital da rede privada, em estado grave. No dia 14, ela não resistiu e morreu sem conhecer o filho.
Bernardo e o irmão mais velho, de 6 anos, agora moram com a tia, que lamentou o ocorrido e o cenário que as famílias das vítimas do novo coronavírus no estado passam.
“Ela foi enterrada no cemitério público. Numa vala onde na qual não tem coveiro, porque o homem foi informado lá que os coveiros tão tudo doente. Quem joga terra no caixão é um trator, desumano para mim isso fiquei muito revoltada, essa cena não sai da minha cabeça”, comentou Maria José Ramos Rodrigues.
Em nota, a Prefeitura de Manaus negou a falta de coveiros. Segundo o comunicado o cemitério Nossa Senhora Aparecida, localizado no bairro Tarumã, dispõe de 14 coveiros, dois fiscais e 5 ajudantes por dia de trabalho.
Pandemia no Amazonas
Os crescentes números de pessoas infectadas pela Covid-19 superlotaram as unidades de saúde de Manaus e colocaram o sistema de saúde perto de um colapso, com quase 100% dos leitos ocupados.
No domingo (17), no entanto, o Governo informou que a taxa de ocupação de leitos de UTI caiu de 86% para 82%, depois do aumento de mais de 65% dos leitos em pouco mais de dois meses. As instalações, ainda segundo o Governo, “desafogaram” o sistema.
A pandemia em Manaus também causou aumento de mortes – já são mais de 1,4 mil.
Com isso, a quantidade de enterros saltou de uma média de 30 para 100 ao dia e, afetou, também, o sistema funerário da capital. O pico ocorreu no domingo, 26 de abril, com 140 sepultamentos.
Mesmo com as estatísticas, Manaus teve queda significativa nos enterros diários em cemitérios nos primeiros dias de maio. A média passou de 118 para 59 enterros. Apesar disso, o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, em nota pública, o fez apelo para que a população respeite as medidas de prevenção e o isolamento social.
Por causa da demanda, contêineres frigoríficos são usados para comportar os corpos em hospitais de Manaus. A medida ocorreu após um vídeo mostrar corpos posicionados ao lado de pacientes internados no Hospital João Lúcio.
Na capital, a maioria dos sepultamentos é feita no cemitério Nossa Senhora Aparecida, que recebeu contêineres frigoríficos para armazenar corpos. Lá, a Prefeitura abriu valas comuns para conseguir suprir a demanda de enterros. O empilhamento de caixões também chegou a ser adotado, mas foi cancelado depois de protesto de familiares.
G1