O idoso Raimundo Nonato Araújo, de 63 anos, era uma homem considerado alegre e sempre lutou pela família. Agora, ele virou saudade entre os filhos. O servente de pedreiro foi mais uma vítima fatal da Covid-19 e morreu na tarde deste sábado (23), no Pronto-Socorro de Rio Branco. Para a família, é a perda de um pai, avô e amigo.
Araújo era pai de nove filhos e tinha pelo menos 16 netos. Era alegre e gostava de reunir a família para fazer churrasco. A filha dele, a cabeleireira Alcileide Felipe da Silva, de 33 anos, chegou a fazer diversos apelo e até campanha para que o pai pudesse ir para a UTI.
Desde 19 de maio, ele ficou internado na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Segundo Distrito de Rio Branco, onde esperava por uma vaga na UTI, e foi transferido para o Pronto-Socorro de Rio Branco na sexta-feira (22), após apelo da família, mas não resistiu.
“Era um bom pai, estava sempre animado. Os médicos até falaram que ele estava na cama, mas conversava com as pessoas. Quem conheceu ele sabe que sempre foi alegre, trabalhador”, relembrou a filha.
A confirmação da morte do idoso por Covid-19 só saiu neste domingo (24), quando a família foi informada pela equipe de saúde que o resultado do exame feito em Araújo testou positivo para a doença.
“O teste dele deu positivo. A mulher me ligou hoje, depois de dez dias, que o teste deu positivo. Até falei que depois de dez dias o resultado sai e meu pai já faleceu. Meu pai teve uma parada cardíaca e por causa dos medicamentos mexeu com o coração dele”, criticou.
A cabeleireira conta que o pai era um homem que sempre gostou de fazer amizades e lamentou que ele não tenha conseguido de despedir dos filhos. “Agora é só saudades”, disse sobre a vida como ser daqui para a frente.
Ela ainda lamenta por não poder reunir a família para dar o último adeus. “O mais difícil é que a gente não pode fazer velório, meus irmãos não podem vir para acompanhar o enterro”, chorou. Ela disse que uma das irmãs mora em Rondônia, e os outros em Sena Madureira, no interior do Acre.
Após apresentar os sintomas da doença, o idoso chegou a ser tratado em casa por dez dias, mas acabou piorando e foi levado por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para a UPA do Segundo Distrito, unidade referência no atendimento de Covid-19 na capital.
Na sexta-feira (22), a filha tentava uma vaga para o pai, que foi transferido, mas já estava muito debilitado.
“Na terça-feira [19], ele foi entubado na UPA e desde esse dia eu estou tentando transferir ele para um leito de UTI. Só dizem que não tem vaga. Ele está na emergência, entubado. Ele precisa ser transferido para uma UTI, precisa de cuidado especial por ser de idade e eu estou tentando, mas não tem vaga”, contou na entrevista.
O idoso, além da idade que o colocava no grupo de risco também era hipertenso e quando chegou ao PS já estava em um quadro crítico, afirmou a filha.
“O médico disse que o que tinha para fazer, já tinha feito e o pai não reagia, a situação dele era muito grave”, lamentou.
Fonte: G1 Acre.