Após ficar quase 40 dias sem ver os filhos por contrair coronavírus, o médico intensivista Marcos Roberto Garcia de Souza, morador de Sorocaba (SP), se emocionou ao ser recebido pelos filhos com uma “festa” surpresa para comemorar sua cura, em Sorocaba (SP)
Bexigas coloridas e bilhetes dizendo “Papai, você venceu” marcaram a homenagem que aconteceu na última quinta-feira (23) em um condomínio da cidade pelos três filhos dele, um adolescente de 12 anos e os gêmeos de 8 anos.
“Eu só falei com a Cíntia, que é minha ex-esposa. Falei para ela não contar porque eu ia fazer surpresa. A gente já estava uns 40 dias sem se ver. Então eu não sabia que eles sabiam que eu estava indo. Eu tomei um susto”, conta o médico.
Marcos relata que já perdeu dois amigos médicos, de 32 e 33 anos, para o coronavírus. Por isso, tinha medo do que a doença poderia trazer para ele.
“A gente sabe que de uma hora para outra, você pode entrar em insuficiência respiratória e morrer, simplesmente, que é o que acontece com a maioria dos meus pacientes”, explica Marcos.
“Ninguém tem conhecimento total da doença ainda, então sem explicação nenhuma, sem motivo, sem nada, o paciente morre. Então isso assusta bastante (…) Eu fico muito apreensivo de morrer, até por causa dos meninos. É por causa deles”, admite o médico.
Sintomas e recuperação
O médico contou que começou a sentir os sintomas da Covid-19 no dia 28 de março. Ele teve febre alta, dor no corpo e o início de uma tosse seca. Imediatamente, Marcos se afastou do trabalho e ficou em isolamento social na casa dele, em São Paulo.
Marcos fez o teste de coronavírus em um laboratório particular e teve o resultado positivo. Além disso, passou por uma tomografia, que apontou uma pneumonia viral que tomou de 10% a 15% do pulmão dele.
Durante o período em que esteve com a doença, o médico admitiu que passou muito mal, com falta de ar, fraqueza e dores de cabeça diárias. No entanto, como tem conhecimento do tratamento da Covid-19, preferiu se medicar e permanecer em casa.
Aos poucos, ele foi melhorando e chegou a repetir o teste rápido algumas vezes para ver se ainda estava com a doença. No 21º dia, um novo exame atestou que ele não tinha mais coronavírus e nem poderia transmiti-lo, o que permitiu que Marcos reencontrasse os filhos.
Assim que foi curado da doença, Marcos voltou ao trabalho. Segundo ele, os colegas do hospital o ajudaram enquanto ele ficou afastado, cobrindo os plantões e trabalhando em equipe.
“Não é só uma ‘gripezinha’ não. Os meus colegas estão todos ficando doentes, aumentou muito nossa demanda de trabalho e a gente tem uma equipe a zelar. A gente faz de tudo para se ajudar”, relata Marcos.
Fonte: G1.